Rússia financia parte da direita populista na Europa, mostra investigação
A "Voz da Europa" foi identificada como parte de uma campanha de influência coordenada pelo Kremlin
Uma operação de espionagem envolvendo financiamento russo para políticos populistas na Europa foi revelada por autoridades de inteligência europeias, segundo o The Washington Post.
Desde maio de 2023, quando um associado próximo ao presidente russo Vladimir Putin lançou o portal de mídia pró-Kremlin “Voz da Europa” em Praga, as autoridades tchecas começaram a monitorar atentamente as atividades do site.
Por quase um ano, oficiais de inteligência europeus gravaram secretamente horas de reuniões entre vários políticos populistas da Europa e Artem Marchevsky, que dirigia o site. A investigação, que rapidamente se expandiu para a Bélgica, Alemanha, Países Baixos, Polônia e França, concluiu que a “Voz da Europa” era usada para canalizar centenas de milhares de euros para dezenas de políticos da direita populista, com o objetivo de plantar propaganda pró-Kremlin nos meios de comunicação ocidentais e fortalecer candidatos pró-Rússia nas eleições para o Parlamento Europeu.
A “Voz da Europa” foi identificada como parte de uma campanha de influência coordenada pelo Kremlin em estreita colaboração com Viktor Medvedchuk, aliado de Putin. Medvedchuk, que liderava um partido de oposição pró-Moscou em Kiev antes da invasão russa, teria gerenciado a operação a partir de julho, com apoio do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, antiga KGB).
A investigação tcheca resultou na invasão de residências e escritórios de assistentes de políticos, incluindo um membro do Parlamento Europeu da Alemanha, Petr Bystron, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD). Bystron é acusado de receber dinheiro da Rússia e de colocar propaganda pró-Kremlin em publicações de direita populista. Ele negou as acusações, alegando ser vítima de uma campanha de difamação por parte dos serviços de segurança europeus.
Os políticos identificados no esquema pertencem a partidos como o Fórum pela Democracia da Holanda (FvD), o Vlaams Belang da Bélgica, a Liga da Itália, o Partido Nacional da França (RN) e o VOX da Espanha, todos conhecidos por suas posições pró-Rússia e anti-União Europeia.
A operação de desmantelamento dessa rede de influência russa envolveu uma colaboração próxima entre os serviços de inteligência da Bélgica e da República Tcheca, resultando em sanções contra indivíduos e empresas envolvidas. As autoridades europeias estão agora discutindo a imposição de sanções em toda a União Europeia contra os envolvidos na operação de desinformação russa.
Ideólogo de Putin amplia influência no Brasil, revela estudo
Um relatório divulgado pela ONG britânica Centre for Information Resilience, e divulgado pela revista Veja, expõe a extensa rede de influência do governo russo no Brasil, liderada por Aleksandr Dugin, o “guru ideológico” de Vladimir Putin.
O documento mapeia as conexões de Dugin no país, abrangendo suas visitas e sua rede acadêmica e de seguidores, enfocando indivíduos em posições-chave no debate ideológico que promoveram ativamente suas ideias radicais.
Segundo o relatório, Dugin possui laços importantes com pelo menos seis grandes universidades brasileiras, incluindo a Universidade de São Paulo (USP), a Escola Superior da Guerra (ESG) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Além destas conexões, a Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS sediou eventos financiados por uma fundação russa ligada a Dugin.
O estudo aponta que Dugin foi o palestrante principal em eventos no Brasil e colaborou em publicações com acadêmicos locais, estabelecendo uma rede “privilegiada, prestigiada, bem posicionada e conectada”. Esta rede seria capaz de influenciar tanto esferas de poder quanto a opinião pública.
A pesquisa também critica, segundo a matéria, as redes sociais por falharem na moderação de conteúdos extremistas, especialmente em idiomas que não o inglês, o que beneficia as ideias de Dugin. O ideólogo russo é conhecido por seu livro “Fundamentos da Geopolítica”, que propõe a criação de um império eurasiano e incentiva a desestabilização interna dos Estados Unidos através de separatismos e conflitos.
Dugin, que já viajou ao Brasil em 2012 e 2014, participou da fundação de um centro de estudos em São Paulo e esteve envolvido em eventos e publicações com acadêmicos da ESG. Sua presença também foi mencionada em um evento cancelado em 2022 na UERJ, após pressão pública, e em uma revista da ESG que incluiu um artigo seu em abril de 2023.
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