Rússia e Hungria reagem à fala de Macron sobre tropas na Ucrânia
“A França, na pessoa do chefe de Estado francês, continua a levantar constantemente a possibilidade do seu envolvimento direto no terreno no conflito em torno da Ucrânia. Esta é uma tendência muito perigosa”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov
O Kremlin considerou na sexta-feira, 3 de abril, “muito perigosos” os comentários do presidente francês, Emmanuel Macron, que reafirmou a sua posição controversa sobre a possibilidade de enviar tropas terrestres para a Ucrânia.
“A França, na pessoa do chefe de Estado francês, continua a levantar constantemente a possibilidade do seu envolvimento direto no terreno no conflito em torno da Ucrânia. Esta é uma tendência muito perigosa”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, aos jornalistas. “Estamos acompanhando tudo isso com atenção e continuamos, e continuaremos, a nossa operação militar especial (na Ucrânia) até que todos os objetivos definidos sejam alcançados”, continuou.
Numa entrevista ao jornal The Economist, publicada quinta-feira, 2 de abril, Emmanuel Macron assumiu a sua posição sobre o possível envio de tropas para a Ucrânia. “Se os russos conseguissem romper as linhas da frente, se houvesse um pedido ucraniano – o que não é o caso hoje – deveríamos legitimamente colocar-nos a questão”, disse o presidente francês.
“Será o fim do mundo”
O Ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, manifestou publicamente preocupação pelo fato de Emmanuel Macron ter assumido mais uma vez a possibilidade de enviar tropas terrestres ocidentais para a Ucrânia.
“Se soldados europeus ou americanos pisarem solo ucraniano, significará que cruzamos uma linha vermelha dentro da Otan”, alerta o chefe da diplomacia húngara. “Se um estado membro da Otan enviar soldados para a Ucrânia, significa que haverá um confronto direto entre a Otan e a Rússia. Isto significa uma Terceira Guerra Mundial”, disse o representante da Hungria durante entrevista gravada na quinta-feira, 2 de abril.
Péter Szijjártó também está preocupado com a possível utilização de armas nucleares no conflito ucraniano. “O seu presidente falou em instalar capacidades nucleares (na Europa, nota do editor). Alguns dos nossos vizinhos pediram aos americanos que instalassem armas nucleares no seu território”, sublinha o ministro. “Sabemos muito bem que se uma parte ou outra decidir usar uma arma nuclear, será o fim do mundo.”
Como vizinha da Ucrânia (que faz fronteira com o país), a Hungria teme que “a guerra esteja ganhando força” com todas estas declarações. Em vez de “pensar em colocar soldados no terreno ou em usar armas nucleares”, e até falar em “novas exportações de armas”, o diplomata-chefe considera que “devemos pôr fim a esta guerra. “É necessário declarar um cessar-fogo e iniciar negociações de paz”, insiste. E acrescentou: “Esta é a única maneira de evitar uma nova catástrofe”.
Recorde-se que a Hungria hesitou durante muito tempo em votar a favor da abertura de negociações para a entrada da Ucrânia na União Europeia. Ela também vetou uma nova ajuda de 50 mil milhões de euros da UE a Kiev, antes de ceder.
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