Não tem muito tempo que as atenções globais se direcionaram para a Inglaterra. E não, não estou falando apenas da morte da Rainha Elizabeth II porque, mesmo antes disso, a transição ministerial já estava em curso.

Caso se lembre, Boris Johnson era o nome do primeiro-ministro inglês e que, ainda este ano, em meio a todos os grandes acontecimentos culminados na Inglaterra, foi substituído pela primeira-ministra Liz Truss, que com a morte da rainha, teve tempo para pensar e arquitetar um plano econômico para o início de seu mandato junto com o seu Chancellor of the Exchequer – equivalente a Ministro da Economia -, Kwasi Kwarteng.

O seu primeiro ato veio logo em seguida, um plano econômico que desagradou os mercados e eleitores. O plano incluía corte de impostos para a alta renda e o “congelamento” do preço da energia.

A resposta foi imediata, a libra, que começou o ano por volta de 1,33 dólares, caiu e alcançou a mínima de 1,03 dólares. Esse movimento seria o equivalente a começarmos o ano com o dólar a R$ 5,60, como realmente começamos, e estarmos agora com o dólar a R$ 6,70.

A situação toda só se acalmou após a reversão de parte desse pacote e a injeção de liquidez temporária que o Banco Central Inglês, o BoE, fez no sistema. Injeção que acaba oficialmente hoje.

O ministro, talvez como sinalização de que o mesmo erro não se repetiria, foi demitido. Mas todos os desafios que a economia inglesa enfrenta persistem. Em pronunciamento hoje de manhã, Liz Truss confirmou que descartará parte do plano econômico de Kwarteng e que deve seguir com um aumento, e não um corte como proposto anteriormente, nos gastos governamentais, mesmo que de forma mais lenta.

Agora, conseguirá Truss se manter no cargo após esse início conturbado? Há de se ver.

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Nícolas Merola, analista CNPI na Inv Publicações.