Há chances de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia?
Alguns políticos da UE contam com uma solução negociada para acabar com a guerra na Ucrânia. Será que há condições para isso?
Uma nova ofensiva russa trouxe recentemente apenas pequenos ganhos em terreno, com horrendas baixas entre os homens que estão sendo enviados para a morte certa numa “estratégia de moedor de carne” para o ditador Vladimir Putin.
No entanto, a Ucrânia está longe de alcançar o seu objetivo de expulsar o exército de ocupação russo do país e retomar a Crimeia, que foi anexada pela Rússia em 2014, em violação do direito internacional.
Isto é cada vez mais dramático em 2024 porque, com a iminente reeleição de Donald Trump em Novembro, a janela de oportunidade para apoio internacional à Ucrânia parece estar a se fechando.
O populista republicano de direita dos EUA não é considerado um apoiador de Kiev. Trump provavelmente não se importa se uma solução negociada prejudicará a Ucrânia. O mais provável que veja o conflito na Ucrânia como uma oportunidade para se posicionar internamente como um político de paz que porá fim a uma guerra.
Principais problemas da Ucrânia
Quais são os maiores problemas nas linhas de frente neste momento? Gustav Gressel, cientista político e especialista militar do Conselho Europeu de Relações Exteriores, disse que “os ucranianos enfrentam agora muitos problemas ao mesmo tempo: unidades esgotadas, grandes perdas de pessoal qualificado, falta de munição, falta de material (especialmente veículos blindados), vulnerabilidade a ataques de bombas planadoras russas, quase nenhuma oportunidade para interceptar drones de reconhecimento russos”.
Tem havido muitos relatórios recentemente sobre as fraquezas do exército russo, que se refletem na diminuição dos stocks de tanques e nos esforços crescentes para recrutar novos soldados. Segundo Gressel, as pessoas muitas vezes esquecem que a Ucrânia tem problemas semelhantes. “Numa guerra de desgaste, ambos os lados estão mal, com ambos os lados enfrentando problemas significativos na regeneração das suas unidades.”
O Ocidente chegou tarde demais para ajudar na defesa contra os mísseis russos. Mesmo longe da frente, a guerra está desgastando cada vez mais o moral, os recursos e as infraestruturas da Ucrânia, à medida que civis são mortos em ataques com foguetes e a energia cai novamente porque o fornecimento de energia é um alvo principal das bombas russas.
As negociações de paz são atualmente irrealistas
Alguns políticos da UE contam com uma solução negociada para acabar com a guerra na Ucrânia. “As pré-condições que Moscou está atualmente estabelecendo para as negociações são um sinal claro de que não querem realmente negociar”, diz o cientista político, Gustav Gressel.
Do lado ucraniano, Gressel vê um possível compromisso com a Rússia, que poderia, por exemplo, consistir na renúncia aos territórios ocupados. O maior problema, porém, reside na implementação de uma possível paz com a Rússia sob Vladimir Putin, “que quebrou todos os acordos”.
“Nesta situação, toda a conversa sobre negociações é pura especulação de estrategistas dominicais e diplomatas de mesa de cerveja”, conclui o especialista.
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