Putin quer Trump
Fiona Hill, ex-funcionária do Conselho de Segurança Nacional dos EUA e especialista em assuntos russos e europeus, explicou, no podcast One Decision, porque Putin estaria ansioso pelo...
Fiona Hill, ex-funcionária do Conselho de Segurança Nacional dos EUA e especialista em assuntos russos e europeus, explicou, no podcast One Decision, por que Vladimir Putin estaria ansioso pelo retorno do ex-presidente Donald Trump ao governo dos Estados Unidos.
De 2017 a 2019, Hill foi assessora sênior de Segurança Nacional na Casa Branca de Trump. Em 2013, ela publicou Mr Putin: Operative in the Kremlin.
Fiona Hill comentou no podcast as relações entre o líder russo e o o ex-presidente dos Estados Unidos:
“Você sabe, obviamente, Putin já tem o número de Trump há algum tempo, ele sabe como manipulá-lo… Ele tem sido muito bom na arte da bajulação com Trump. Ele vê Trump como um trunfo em muitos aspectos.”
Segundo Fiona Hill, “Putin está bastante confiante de que pode atiçar as guerras culturais aqui, ali e em todo o lado. E apenas com um pouco de uso hábil de operações de influência política e propaganda, ele pode manter as coisas que já estão se movendo em sua direção”.
Hill explicou ainda, no podcast, que tudo o que Trump diz sobre a OTAN [ele ameaçou retirar os EUA], sobre a Europa e a segurança europeia, sobre assuntos mundiais e globais, sobre a Ucrânia, tudo o que está acontecendo no Capitólio, seriam indícios, para Putin, de que uma vitória de Trump poderia colocar os ventos a seu favor.
Para a ex-funcionária da Casa Branca, “a expectativa de que Trump retornará é uma bênção para Putin… Ele pode brincar com isso”. “Ele pode usar isso como uma espécie de aviso… Assustar os ucranianos, os europeus, o resto do mundo. Putin está bastante confiante – dadas as suas experiências com ele no passado –de que Trump será rápido a tentar resolver a guerra na Ucrânia a seu favor”, completou.
E a ajuda à Ucrânia?
O atual presidente dos EUA, Joe Biden, liderou uma coligação global em apoio à Ucrânia, mas o financiamento dos EUA para Kiev está atualmente retido no Congresso, com os republicanos leais a Trump exigindo rígidas medidas de imigração em troca de mais ajuda.
O esfriamento de Washington em relação à Ucrânia liga-se, portanto, à ala do Partido Republicano mais próxima a Trump.
Hill disse ainda que Putin percebe a janela de oportunidade de acabar com a guerra de um modo favorável à Rússia:
“Eu e muitos outros colegas já estamos recebendo pequenas sondagens para ver se os Estados Unidos e o Ocidente estão prontos para negociar”, disse ela, acrescentando que isso “sugere que a Rússia gostaria de ver isso acabar, mas… saindo completamente na frente. Os termos de Putin: sem devolução de território, oportunidade de exercer pressão sobre a Ucrânia a longo prazo e certamente sem reparações.”
Trump e Putin estão envolvidos no cenário mundial desde que Trump entrou na política dos EUA, em 2015, em meio a alertas sobre a interferência russa nas eleições americanas.
Em 2018, Trump foi amplamente criticado por uma exibição subserviente numa conferência com Putin em Helsínquia.
Em 2019, uma investigação do conselho especial sobre a interferência eleitoral russa e as ligações entre Trump e Moscou terminou com acusações e com a tentativa de obstrução por parte de Trump, mas sem provas do conluio.
Leia também a reportagem de capa de Crusoé:
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