Prisões arbitrárias marcam campanha eleitoral na Venezuela
“Estamos vendo uma escalada na repressão não apenas de dirigentes políticos e comandos de campanha, mas de pessoas por apenas nos fornecerem seus serviços”, afirmou Maria Corina Machado
A campanha eleitoral para as eleições presidenciais na Venezuela foi marcada, esse fim de semana, por mais detenções arbitrárias de dirigentes e ativistas da oposição ao regime de Nicolás Maduro.
No domingo, 14 de julho, Perkins Rocha, dirigente da oposição, denunciou em uma coletiva de imprensa a detenção de oito pessoas entre a noite de sábado e a madrugada do domingo nos Estados de Carabobo, Monagas, Anzoátegui e Portuguesa.
Entre os detidos estão a proprietária e dois ajudantes do caminhão usados por María Corina Machado e o candidato da oposição, Edmundo González, no sábado, 13, para percorrer as ruas de Valência.
Rocha, do Comando Nacional de Campanha de Vente Venezuela, movimento político ao qual Machado pertence, fez um apelo aos membros do Conselho Nacional Eleitoral para que olhem para essa situação, ressaltando que “sob seus ombros recai a responsabilidade” de uma disputa transparente.
Escalada da repressão
“Estamos vendo uma escalada na repressão” não apenas de dirigentes políticos e comandos de campanha, mas de “pessoas por apenas nos fornecerem seus serviços”, afirmou Machado ao final de um ato de campanha na Universidade Central da Venezuela em apoio à candidatura de González.
Machado, que teve de ser substituída por González devido a uma inabilitação política, classificou a situação como uma violação de “todos os termos de uma disputa justa” e alertou os observadores internacionais sobre a situação.
Gonzalo Himiob, vice-presidente do Foro Penal, uma organização não governamental de defesa dos direitos humanos, disse que alguns dos detidos não puderam contatar os advogados para exercer sua defesa. Segundo o Foro, até 8 de julho havia 287 presos políticos relatados.
Uma geração que cresceu na tirania
Mais cedo, durante um ato de campanha diante de centenas de estudantes reunidos na Universidade Central da Venezuela, em Caracas, Machado afirmou que eles fazem parte de “uma geração que nasceu e cresceu na tirania, mas que vai desfrutar a liberdade”.
“Arriscaram suas vidas, perderam companheiros, viram muitos partir e estão aqui de pé e decididos a dar tudo”, destacou.
González, por sua vez, lembrou aos estudantes seu tempo naquela instituição onde se formou como diplomata e questionou a situação precária da universidade. Os professores universitários, sobretudo os mais qualificados, juntaram-se à fuga de cérebros, desiludidos por terem, em sua maioria, rendimentos próximos ao salário mínimo mensal — 4.741 bolívares, equivalentes a US$ 130 dólares — como consequência de orçamentos deficitários.
“Levaram um inocente com problemas de saúde”
Autoridades do regime entraram na residência do empresário Ricardo Albacete, que foi detido arbitrariamente na tarde de quinta-feira, 11 de julho, em Caracas e ainda está desaparecido.
Omar Mora Tosta, advogado de Ricardo Albacete Vidal, falou sobre a prisão do empresário que hospedou María Corina Machado:
“O senhor Albacete foi preso na tarde de quinta-feira. Disseram-nos que ele estava na Polícia Nacional Bolivariana em Maripérez, mas que não estava disponível porque conversava com os chefes do escritório”, indicou.
Costa afirmou que a detenção é arbitrária e que foram violados direitos constitucionais ao não permitir que o empresário tenha acesso à sua família e a um advogado.
“Ele continua desaparecido porque não tivemos contato com ele. Você tem 48 horas para apresentar em tribunal e mais quando levaram uma pessoa inocente com problemas de saúde”, frisou.
“Pedimos prova de vida, não sabemos se ela está bem”, disse a filha do empresário venezuelano preso após hospedar María Corina Machado em Táchira
“Não temos nenhuma informação sobre meu pai. Pedimos fé de vida. Não sabemos se está tudo bem. Fornecemos ao advogado relatórios médicos que indicam que ele precisa de ajuda para respirar”, disse ela.
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