Presos políticos iniciam greve de fome na Venezuela
Entidade faz apelo a órgãos internacionais para que condenem violações enfrentadas por presos políticos na ditadura de Maduro
Presos políticos na prisão de alta segurança de Tocuyito, em Carabobo, e no centro penitenciário de El Helicoide, ambos na Venezuela, iniciaram uma greve de fome na tarde de sexta-feira, 3, para exigir sua libertação e denunciar os maus-tratos na cadeia.
O Comitê para a Liberdade dos Presos Políticos (CLIPP) divulgou nas redes sociais que detentos como Héctor Alonso Esqueda Nieves, preso durante os protestos pós-eleitorais, aderiram ao protesto.
Em uma ligação para seus familiares, Esqueda Nieves, pai de três filhos menores, informou que iniciava a greve de fome em protesto pela sua libertação, alegando sua inocência.
Além de Esqueda Nieves, outros presos políticos, cujas identidades não foram reveladas, se uniram à greve como um “gesto de solidariedade e resistência à injustiça”.
Pelo menos 40 detentos do centro penitenciário de El Helicoide, que também é sede do Serviço Bolivariano de Informações Nacionais (SEBIN), somaram-se ao protesto dos detidos de Tocuyito. Eles reivindicam justiça e denunciam o tratamento cruel e desumano durante uma “busca arbitrária”.
O CLIPP fez um apelo às organizações internacionais para que condenem as graves violações dos direitos humanos e atuem diante da “situação alarmante” que afeta os presos políticos e suas famílias.
A organização afirmou que os presos políticos estão exaustos dos abusos constantes e do tratamento cruel e degradante nas prisões do regime venezuelano, e cobrou uma resposta do regime pelas graves violações dos direitos humanos.
Condições precárias
O Comitê de Parentes e Amigos pela Liberdade dos Presos Políticos (CLIPPVE) denunciou as “terríveis condições prisionais” enfrentadas pelos presos políticos da ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.
Segundo relatório apresentado na segunda-feira, 30, as condições pioraram após a farsa eleitoral de 28 de julho, refletindo uma “repressão estatal sem precedentes”.
“O aumento da repressão foi de tal modo que – de acordo com dados de organizações não governamentais como PROVEA– em apenas 16 dias foram registradas, em média, 150 prisões por dia, superando consideravelmente a repressão estatal dos tempos de mobilização dos anos de 2014, 2017 e 2019, e até mesmo os dias de protesto na Nicarágua. Isso significa o dobro de detidos-desaparecidos por dia em comparação com o Chile pós-golpe de Estado de Pinochet.”
Baseado em depoimentos de familiares, ex-presos políticos pós-eleitorais e na análise de dados qualitativos e quantitativos, o documento expõe a violação sistemática dos direitos fundamentais em centros de detenção como El Helicoide, Rodeo I, Tocuyito, Tocorón e Yare III, alguns dos comandos policiais que detêm presos políticos na Venezuela.
Entre as “terríveis” condições prisionais, a ONG aponta a falta de atendimento médico adequado e “condições desumanas de confinamento”, com celas “descritas como espaços pequenos, insalubres e superlotados”.
“A falta de higiene, de água potável, de alimentação adequada e a privação sistemática do direito de visitar familiares são outras violações sistemáticas dos direitos humanos registadas.”
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