Premiê da Áustria anuncia renúncia após fracasso em negociações
Renúncia de Nehammer ocorre em cenário de crescente polarização política no país, com a ascensão de partido da direita radical
O primeiro-ministro da Áustria, Karl Nehammer (foto), anunciou neste sábado, 4 de janeiro, sua renúncia após o colapso das negociações para formar um governo de coalizão entre os dois principais partidos centristas, o Partido Popular (OVP) e os Social-Democratas (SPO).
A crise política ocorre após o fracasso das conversas, que se arrastaram desde as eleições parlamentares de setembro de 2024.
Nehammer, que também lidera o OVP, afirmou que deixará o cargo e o partido nos próximos dias, possibilitando uma transição ordenada.
O fracasso das negociações foi agravado pela retirada do partido liberal Neos, que culpou as outras legendas por não atenderem às suas exigências.
A renúncia de Nehammer ocorre em um cenário de crescente polarização política, com a ascensão do Partido da Liberdade (FPO), da direita radical, que conquistou 29,2% dos votos nas eleições.
O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, encarregou Nehammer de formar um governo após as eleições, mas a falta de consenso entre os partidos centristas e a recusa de formar uma coalizão com o FPO levaram ao impasse.
Nehammer criticou as divergências com os Social-Democratas, especialmente em relação a questões fiscais e econômicas, como o déficit recorde e a necessidade de cortes no orçamento.
Com a saída do primeiro-ministro, as opções mais prováveis são a nomeação de Herbert Kickl, líder do FPO, para formar um governo ou a convocação de eleições antecipadas.
O crescimento do FPO nas pesquisas de opinião coloca em xeque a continuidade de uma coalizão centrista, com o OVP e o SPO enfrentando uma desvantagem de mais de 10 pontos percentuais para o partido de extrema-direita.
Nehammer já havia descartado formar uma aliança com Kickl, devido a divergências ideológicas, especialmente em relação à imigração e à gestão econômica.
A Áustria enfrenta uma crise econômica em meio a recessão de dois anos, aumento do desemprego e um déficit orçamentário acima do limite da União Europeia.
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