No fim do arco-íris, se tiver um pote de ouro, o investidor pode comemorar. Em menos de 12 meses, a commodity viu sua cotação passar dos US$ 1.900 para US$ 2.500 por onça troy, um marco histórico significativo.

Em números exatos, no fechamento do dia 10 de novembro de 2023, o metal valia US$ 1.937,70, enquanto no fechamento desta sexta-feira, 23, o ouro alcançou a marca dos US$ 2.546,30, uma valorização de 31,40%. Essa grande valorização foi destacada por Luís Stuhlberger, CEO da Verde Asset, como uma “alta incrível” durante o Macro Day, evento anual do BTG Pactual.

Por que o ouro valorizou tanto em 2024?

A valorização do ouro pode ser atribuída a diversos fatores, considerando os riscos geopolíticos atuais, como o conflito no Oriente Médio e a tensão comercial entre Estados Unidos e China. Segundo Stuhlberger, o metal é um dos poucos ativos que refletem de maneira adequada essas incertezas no mercado.

Além disso, a política monetária e fiscal dos EUA também potencializam o valor do ouro. O aumento da demanda de ouro pelos Bancos Centrais, especialmente no primeiro trimestre de 2024, confirma a confiança no metal como um ativo seguro.

Fim do conflito no Oriente Médio: Alarme falso?

As últimas notícias trouxeram novos capítulos para a questão Israel-Hamas, mas não foram suficientes para o mercado. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou que Israel aceitou a proposta norte-americana para um cessar-fogo em Gaza. Contudo, a expectativa é que esse cessar-fogo possa não ocorrer, conforme explica Gabriel Meira, especialista em mercado e sócio da Valor Investimentos.

Como a guerra comercial EUA-China afeta o ouro?

A tensão entre Estados Unidos e China também está impactando a cotação do ouro. A China está reduzindo suas reservas em títulos americanos e aumentando suas reservas de ouro. Essa estratégia ajuda o país a se proteger de eventuais bloqueios americanos às suas reservas e diminui sua dependência dos dólares americanos.

Em maio de 2024, a relação entre as duas potências ganhou novos capítulos com a tarifa de 100% sobre veículos elétricos chineses imposta pelo presidente Joe Biden. Até junho de 2024, a China comprou quase 30 toneladas de ouro, sendo a terceira maior compradora deste ano até agora.

Qual o impacto da política fiscal americana no preço do ouro?

O reflexo do fiscal americano também contribui para a alta do ouro. Com a dívida americana muito alta, o dólar e os treasuries tendem a perder valor de reserva, levando investidores a procurarem segurança no ouro. Segundo Stuhlberger, tanto os riscos geopolíticos quanto o fiscal americano influenciam essa valorização.

Os últimos dados divulgados pelo Tesouro Americano mostram um déficit fiscal crescente, chegando a US$ 1,516 trilhão no acumulado do ano fiscal até agora. Isso aumenta a desconfiança de investidores e outras economias, como a China, que aos poucos se afastam do dólar.

Existe espaço para o ouro crescer mais?

Segundo novos dados da economia americana e a ata do Federal Reserve, o corte de juros no país pode influenciar o mercado do ouro. No entanto, dado o cenário atual, onde ativos de maior risco em mercados emergentes podem se beneficiar mais com a queda dos juros americanos, o fluxo para o ouro pode não ser tão grande.

Para Gabriel Meira, para que o ouro avance ainda mais seria necessário que os riscos geopolíticos piorassem. A queda na taxa dos EUA ainda pode não proporcionar uma alta significativa na cotação do ouro em 2024.

Por fim, a valorização do ouro em 2024 é um resultado da combinação de fatores econômicos globais, tensões geopolíticas e estratégias dos Bancos Centrais. Isso coloca o metal precioso como um ativo seguro e desejado em tempos de incerteza.