Pauta identitária desvia o foco do que é fundamental, diz Rafael Correa
Ex-presidente do Equador, Rafael Correa (foto) fez críticas à esquerda latino-americana ao comentar a importância dada a temas identitários e morais...
Ex-presidente do Equador, Rafael Correa (foto) fez críticas à esquerda latino-americana ao comentar a importância dada a temas identitários e morais. Ele argumenta que a iniciativa gera divisões e desvia o foco do que é fundamental, como o debate sobre a pobreza e a desigualdade.
Correa, que presidiu o Equador entre 2007 e 2017, falou sobre o assunto em entrevista à Folha de S. Paulo. Ele veio ao Brasil a convite do PSOL e de movimentos sociais.
“É um erro colocar isso como central em nossa agenda. Sim, são problemas, têm que ser tratados com muito respeito. Mas nem sequer resolvemos os problemas do século 18, as grandes contradições, a pobreza generalizada, a desigualdade, a exploração. E nos metemos a tentar resolver e ser vanguarda do mundo de problemas de última geração. Alguns estão na fronteira da questão moral, são polêmicos. Se ser progressista é assinar esse checklist, não sou progressista. Ficamos discutindo isso, e o que, sim, gera consenso na esquerda, a pobreza, a desigualdade, deixamos de tratar”, afirmou ele.
“Creio, inclusive, que é uma estratégia do norte, da direita, colocar para nós estes temas conflituosos para nos distrair do essencial: que estamos no continente mais desigual do planeta. E hoje ficamos brigando sobre casamento gay, aborto em qualquer momento. No plano pessoal, tenho o que chamam de posições conservadoras. O que me incomoda é que isso defina o que é ser de esquerda”, acrescentou.
Atualmente, Correa mora na Bélgica, país de sua esposa, e tem uma condenação por corrupção, fruto de uma “perseguição política”, segundo ele. Hoje, o político comanda à distância ao presidente de centro-direita do Equador, Guillermo Lasso, alvo de pedidos de impeachment.
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