Paris intervém para salvar livrarias do Quartier Latin ameaçadas pela Amazon
Ação da prefeitura da capital francesa quer preservar identidade cultural e histórica do bairro
Nas estreitas ruas do Quartier Latin, em Paris, livreiros independentes fomentaram por séculos a vibrante vida intelectual da margem esquerda do Rio Sena. Muitas dessas lojas agora enfrentam a falência devido a varejistas online, especialmente a Amazon.
As autoridades parisienses vão assumir preventivamente alguns dos negócios mais ameaçados como parte de um teste de três anos. O objetivo, segundo eles, é impedir que a globalização descaracterize e arruíne o charme da área, lar da Universidade Sorbonne.
Nicolas Bonnet-Oulaldj, vice-prefeito encarregado do setor de varejo, destacou: “Esta é uma área cuja alma é altamente cultural”. A medida vem em resposta ao fechamento de livrarias historicas, um golpe na identidade do bairro que começou com o comércio online e foi acelerado pela pandemia.
As livrarias de Paris ainda lutam para sobreviver. O fechamento da Gibert Jeune, uma presença icônica na área há décadas, foi um marco nessa luta. Lojas de moda e fast-food também tomaram muitos dos espaços antes ocupados por cafés antigos, livrarias e cinemas no Quartier Latin, o que gerou reações de ativistas culturais parisienses.
Em uma tentativa de ajudar, as autoridades parisienses adquiriram os imóveis em que algumas livrarias em dificuldades estão instaladas, oferecendo aluguéis ligeiramente abaixo da taxa de mercado.
Em 2023, a própria Amazon tomou a decisão de fechar todas as suas 68 livrarias físicas, incluindo as “Amazon Books” e “4-star”, redirecionando seu foco para a expansão de seus negócios online e para outros modelos de lojas físicas como os supermercados Whole Foods e as lojas de conveniência Amazon Go e Amazon Style.
“Mensagem Para Você”
A situação das livrarias do Quartier Latin lembra o enredo do filme “Mensagem Para Você” (“You’ve Got Mail”), lançado em 1998, uma comédia romântica dirigida por Nora Ephron e estrelada por Tom Hanks e Meg Ryan.
O filme narra a história de Kathleen Kelly, proprietária de uma pequena e charmosa livraria de bairro, e Joe Fox, dono de uma mega rede de livrarias, que se tornam rivais mas, sem saber, começam um relacionamento por e-mail sob pseudônimos.
A obra é uma atualização do conceito do filme “The Shop Around the Corner” (1940) para a era do e-mail, incluindo influências de “Pride and Prejudice” de Jane Austen na dinâmica entre os personagens principais. O filme teve um orçamento de US$ 65 milhões e arrecadou US$ 250,821,495 mundialmente, um sucesso financeiro.
O filme, além de ser uma narrativa romântica convincente e divertida, refletiu sobre a transformação dos relacionamentos com a ascensão da internet e a competição no mundo dos negócios entre as grandes redes varejistas e o pequeno comércio de bairro, especialmente no que diz respeito ao choque entre o tradicional e o moderno no comércio de livros.
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