Para o mundo inteiro ver
Durante o período stalinista na União Soviética (1922/1953), o ditador não se preocupava em dar satisfações à opinião pública sobre as mudanças hierárquicas em seu governo...
Durante o período stalinista na União Soviética (1922/1953), o ditador não se preocupava em dar satisfações à opinião pública sobre as mudanças hierárquicas em seu governo.
A melhor maneira de se tomar conhecimento dessas alterações era ver a posição das autoridades em relação ao líder máximo nos desfiles militares em frente ao palanque montado sobre o mausoléu de Lênin.
Quanto mais perto de Stálin tivesse, melhor sua situação. E vice-versa.
Volta e meia, surgia um elemento novo ou desaparecia um dos veteranos. Isso podia significar que ele fora morto ou enviado para a Sibéria.
Na China, Mao Tsé-tung usava um método parecido. Nas fotos oficiais, os que se sentavam próximos ao Grande Timoneiro estavam nas graças do ditador. Quanto mais longe, menos prestígio.
Havia também o tamanho e a altura de cada um desses assentos.
Em sua última foto, Chou-en-Lai, vice de Mao durante décadas, foi posto numa das extremidades. Pior, estava sentado numa cadeirinha dura, de pau, pouco maior do que essas de Jardim de Infância.
Eles passam grande parte de suas mensagens por simbolismo.
Na semana passada, realizou-se o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês no Grande Salão do Povo em Pequim.
Pela primeira vez, fotógrafos, cinegrafistas e repórteres foram autorizados a assistir o evento.
Sentado à direita do atual líder máximo, Xi Jinping, se encontrava seu antecessor, Hu Jintao. E, justamente quando este discursava, chegaram dois homens engravatados, aparentemente agentes de segurança, e o retiraram do salão.
Mais tarde, Jinping foi eleito para um terceiro período, o que não havia acontecido desde Mao Tsé-Tung, que na prática era vitalício.
Se isso pode não ser bom para a democracia (que, por sinal, jamais existiu na China), é interessante para o mercado. Este detesta incertezas, principalmente se elas ocorrem na segunda economia mundial, com seus 1 bilhão e quatrocentos milhões de habitantes.
Um forte abraço,
Ivan Sant’Anna, trader, escritor e colunista na Inv Publicações.
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