Papa Francisco confirma encontro com Javier Milei
"Sei que ele pediu uma conversa comigo: aceitei e é por isso que nos veremos. E estou pronto para iniciar um diálogo, conversar e ouvi-lo”, afirmou o papa
O papa confirmou o encontro que terá com o presidente argentino Javier Milei por ocasião da viagem de Milei ao Vaticano para participar da canonização daquela que será a primeira santa argentina.
“No dia 11 de fevereiro ele comparecerá à canonização de ‘Mamá Antula’, fundadora da Casa de Exercícios Espirituais de Buenos Aires. Antes das canonizações é costume cumprimentar as autoridades na sacristia”, disse o pontífice sobre a saudação protocolar a as delegações participantes da cerimônia marcada para as 9h30 em Roma, na Basílica de São Pedro (5h30 na Argentina).
“E também sei que ele pediu uma conversa comigo: aceitei e é por isso que nos veremos. E estou pronto para iniciar um diálogo, conversar e ouvi-lo”, afirmou Jorge Bergoglio.
O papa Francisco afirmou que está “pronto para iniciar um diálogo” com o presidente Javier Milei, com quem se encontrará no próximo mês no Vaticano.
Ao ser questionado se se sentiu ofendido pelas declarações de Milei durante o processo eleitoral de 2023, o pontífice respondeu: “Não. As palavras na campanha eleitoral vão e vêm”, afirmou numa entrevista publicada esta segunda-feira, 28 de janeiro, pelo jornal italiano La Stampa.
Durante o diálogo com o jornal italiano, Francisco, de 87 anos, também sustentou que a sua eventual viagem à Argentina, que seria a primeira desde a sua entronização em 2013, ainda é uma “hipótese”:
“Existe a hipótese argentina, que tenho entre parênteses. A organização da visita ainda não começou”, disse ao falar das suas viagens de 2024, entre as quais confirmou uma viagem à Bélgica e uma passagem pela Indonésia, Timor-Leste e Papua Nova Guiné para agosto.
A tensão entre Javier Milei e Papa Francisco
A relação entre Javier Milei e o Papa Francisco teve momentos de grande tensão e até ataques do agora Presidente contra a figura do chefe máximo da Igreja.
Antes de chegar à Casa Rosada, Milei e muitos de seus seguidores e parte de sua equipe criticaram muito Francisco. Mesmo no final da sua campanha presidencial, o economista Alberto Benegas Lynch pediu o rompimento das relações diplomáticas com a Santa Sé caso ganhasse as eleições.
“Acho que deveríamos começar o que (Julio Argentino) Roca fez, que é suspender as relações diplomáticas com o Vaticano enquanto o espírito totalitário prevalece à frente do Vaticano”, disse Benegas Lynch sob aplausos dos seguidores de Milei.
Mas antes, o próprio Presidente tinha sido muito duro com Francisco. Em 2020, Milei, que na época se identificava como católico (agora está se convertendo ao judaísmo), chamou o Papa Francisco de “imbecil” e disse que “ele é o representante do mal na Terra”.
Javier Milei também questionou o papa por apoiar o pagamento de impostos e afirmar que isso era importante para “uma sociedade justa”. Milei disse que Francisco “sempre está do lado do mal”. E acrescentou: “Se alguém tem um ataque de caridade, sai com uma arma para roubar para financiar sua caridade, você o abençoa? Certamente algo se perde no meio e outros gostariam de um destinatário diferente… Seu modelo é pobreza, Roubar é errado”, escreveu ele nas redes sociais.
A última reclamação foi no meio da campanha eleitoral numa entrevista que concedeu a Tucker Carlson, o jornalista e ex-apresentador da Fox News. Lá ele afirmou que Francisco “tem afinidade com comunistas assassinos” e viola os Dez Mandamentos ao defender a “justiça social”.
Milei se desculpa e papa perdoa
Com esse clima de tensão, o relacionamento parecia completamente rompido. Mas Milei voltou atrás em suas palavras. No debate presidencial contra Sergio Massa ele disse que estava disposto a pedir desculpas pelo que havia dito sobre o Papa e que seus assessores também tiveram que rejeitar as frases de Benegas Lynch sobre o rompimento de relações com o Vaticano.
Com a chegada a La Rosada em dezembro, intensificaram-se as aproximações com a Igreja e o Vaticano. Até o papa tentou minimizar as queixas e – como voltou a afirmar agora – disse que durante a campanha as coisas são ditas “em tom de brincadeira para chamar a atenção”.
No início de janeiro, o Presidente procurou pôr definitivamente de lado as tensões e convidou formalmente Francisco a visitar o país através de uma carta na qual sustentava que “a sua presença contribuirá para a desejada unidade” da Argentina.
Na carta também agradece o telefonema que o papa lhe fez horas depois da vitória no segundo turno de 22 de novembro do ano passado.
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