Padre indígena é assassinado no México
Marcelo Pérez foi morto a tiros após missa, em meio à crescente violência em Chiapas
O padre indígena Marcelo Pérez foi assassinado neste domingo, 20, em San Cristóbal de las Casas, no estado de Chiapas, México.
Pérez, que havia recebido diversas ameaças por seu ativismo, foi morto a tiros por dois homens em uma motocicleta, enquanto voltava para sua paróquia após celebrar uma missa. A promotoria local confirmou que ele foi encontrado morto dentro de seu veículo.
Marcelo Pérez, de origem indígena Tzotzil, era um líder respeitado, tanto por sua atuação na Igreja quanto por sua luta pelos direitos das comunidades indígenas e contra a violência que assola a região. “Este ato de violência priva a comunidade de um pastor dedicado e silencia uma voz profética que lutou incansavelmente pela paz com verdade e justiça”, declarou a Conferência do Episcopado Mexicano em nota oficial.
O assassinato ocorre em um contexto de escalada da violência em Chiapas, onde disputas entre cartéis e grupos armados têm aumentado os índices de homicídio. Desde 2021, Pérez também atuou como mediador em conflitos envolvendo o grupo de autodefesa El Machete, no município de Pantelhó.
Ele coordenou diversas marchas contra o narcotráfico e as atividades criminosas na região, como a venda de drogas em bares e cantinas. “Já não se aguenta mais”, disse o padre em setembro, durante uma peregrinação pela paz em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas.
Além de sua liderança comunitária, Pérez enfrentou controvérsias. Em 2021, foi acusado de envolvimento no sequestro de 21 homens, o que ele negou categoricamente. Organizações internacionais, como a Anistia Internacional e a ACAT-France, denunciaram o que consideraram uma tentativa de criminalização do padre, que recebeu apoio de diversas entidades de direitos humanos.
O governo federal, representado pela secretária de Governo Rosa Icela Rodríguez, lamentou o crime e prometeu que os responsáveis serão punidos. Contudo, a impunidade é um grande desafio no México, onde, nos últimos cinco anos, ao menos nove religiosos foram assassinados em meio à crescente onda de violência.
O funeral de Marcelo Pérez será realizado na paróquia onde ele serviu por quase duas décadas.
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