Orlando Tosetto Júnior na Crusoé: Os profetas do apocalipse
Tem gente achando que o Donald Trump vai pessoalmente bater na porta de sua casa armado com um lança-chamas
Nunca vi um republicano ser eleito presidente dos Estados Unidos sem que os Nostradami da mídia previssem uma procissão de horrores, desgraças a mancheias e o fim do mundo para amanhã mesmo. Isso desde a primeira eleição do Ronald Reagan (sou velho, sim senhor), lá em 1981.
Para os profetas dos meios de comunicação, um republicano no poder significa nuvens de fumaça de escapamento, bacon na mamadeira das crianças, bandeira de Israel desfraldada em todo canto e o secretário de Estado sacudindo seu chapéu de caubói montado num míssil nuclear, à la Doutor Fantástico, a caminho de Teerã. Ou de Moscou.
O fato de que os horrores, as desgraças e o fim do mundo nunca tenham dado as caras faz desse pessoal o verdadeiro inverso da Cassandra. Porque a Cassandra acertava mas não era ouvida por ninguém; já esses profetas nunca acertam nada, mas têm palanque até dizer chega. Provavelmente, é por isso que, como todos os profetas, formam seu séquito de crentes e seguidores.
Lança-chamas
Aquele pessoal lá que acha que o Trump vai em pessoa bater na porta da casa deles, armado com um lança-chamas, para torrá-los vivos gritando “morre, minoria!”, e correm para se mostrar nas redes sociais chorando, amaldiçoando, dando uivos de agonia. A esta altura, o amigo já viu vários vídeos assim.
Ou mulheres – sempre com vídeos em redes sociais – raspando os cabelos, em sinal curioso de protesto ou rebeldia. Ou ainda mulheres, e ainda nas redes sociais, anunciando que pedirão o divórcio ou cornearão abundantemente seus maridos eleitores do Trump. Ou pessoas, estas de todos os sexos, jurando resistir, resistir, resistir e lutar contra o que vêem como uma forma de mal supremo, de horror sem fim.
É assim que os profetas fazem com que essa turma encare a alternância no poder. Bom, vamos pelo menos admitir que a vida desse pessoal não padecerá jamais de tédio nem de falta de emoção.
Mas falando em Cassandra: não sei quanta bola o amigo dá às chamadas “artes” ou “ciências” divinatórias, ou seja, as…
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