Opositores de Maduro completam 100 dias asilados na embaixada da Argentina
Após serem acusados de terrorismo, líderes oposicionistas de Maduro buscam refúgio diplomático enquanto eleições se aproximam
Sob acusações de terrorismo, associação criminosa e traição à pátria, seis políticos da oposição venezuelana estão há 100 dias asilados na embaixada da Argentina em Caracas. Entre eles, cinco faziam parte da equipe de campanha de Edmundo González Urrutia, um diplomata de 74 anos que representa a esperança da oposição contra o governo do ditador Nicolás Maduro (foto).
Apadrinhado pela líder opositora María Corina Machado, inelegível por 15 anos, González Urrutia é considerado uma ameaça à continuidade do chavismo no poder.
Quem são os asilados opositores do ditador Maduro
Segundo reportagem do jornal El País, os asilados são peças-chave na estrutura da campanha de Urrutia. Magalli Meda liderava o bloco; Claudia Macero era a responsável pela comunicação nacional; Pedro Urruchurtu coordenava as relações internacionais; Omar González comandava a campanha no estado de Anzoátegui; e Humberto Villalobos cuidava da logística eleitoral. Todos enfrentam ordens de prisão por supostas “ações violentas”, “terrorismo” e “desestabilização” do país.
Recentemente, Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e figura proeminente do Partido Socialista Unido, acusou publicamente Meda e Villalobos de planejarem atos violentos para o dia das eleições, marcadas para 28 de julho. Segundo Rodríguez, eles estariam organizando motociclistas para cercar áreas urbanas onde a oposição costuma votar, um método já visto em momentos de tensão política na Venezuela.
Aliados de María Corina
Todos os asilados são membros da direção nacional do partido Vente Venezuela, fundado por María Corina Machado, e colaboradores diretos da líder opositora. Henri Alviarez, coordenador nacional do Vente Venezuela, e Dinora Hernández, secretária política nacional, foram detidos recentemente, aumentando a pressão sobre o partido e levando os dirigentes a buscar asilo diplomático.
Alguns desses líderes já haviam se refugiado temporariamente na embaixada da Holanda sob acusações semelhantes, logo após as eleições primárias da oposição em outubro do ano passado. Naquele momento, o chavismo recuou nas acusações, mas a repressão se intensificou desde janeiro deste ano. Fernando Martínez Mottola, outro opositor importante, também está asilado na embaixada argentina acusado pelo Ministério Público de conspirar contra o governo.
Martínez Mottola tem participado ativamente de diálogos políticos mediado pelo governo da Noruega, visando encontrar uma solução pacífica para a crise venezuelana. No entanto, o governo ditatorial de Nicolás Maduro recusou-se a conceder um salvo-conduto, negando-lhes a saída segura do país. A administração do presidente argentino, Javier Milei, acolhe os asilados como hóspedes, em meio a grande incerteza sobre seu futuro.
Os acusados afirmam ter descoberto sobre sua situação através da televisão, quando o procurador-geral, Tarek William Saab, os acusou de conspiração para derrubar o governo e atentar contra a vida de Maduro. Paralelamente, outros coordenadores regionais do Vente Venezuela foram presos sob acusações semelhantes. Desde o final do ano passado, 46 políticos e ativistas opositores foram detidos.
Asilados seguem com suas funções políticas
Na embaixada, os dirigentes continuam a desempenhar suas funções políticas, apesar das limitações impostas pelos serviços públicos. Seus advogados ainda não entendem completamente os termos das acusações, que se assemelham às dirigidas contra quase todos os opositores: instigação ao ódio, traição à pátria e associação para cometer crimes, além de terrorismo.
A decisão de conceder salvo-conduto a esses políticos foi considerada, mas incluía uma cláusula que proibia qualquer ativismo político no exílio, exigindo ainda colaboração com a justiça venezuelana, algo que os opositores rejeitam.
Eleições venezuelanas
A campanha eleitoral na Venezuela segue sem grandes incidentes de violência, mas com um cenário extremamente desigual devido ao regime ditatorial de Maduro.
Enquanto o ditador dispõe de amplos recursos e controle dos meios de comunicação, a oposição enfrenta dificuldades para promover suas mensagens. Mesmo assim, González Urrutia tem ganhado apoio popular, com vídeos de seus comícios se tornando virais nas redes sociais.
Pesquisas apontam que ele lidera a intenção de voto, com 50% contra 26% de Maduro, oferecendo uma esperança de mudança para a Venezuela.
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