O que você precisa saber sobre a convenção democrata
Em seu discurso, Harris destacou sua trajetória pessoal e profissional, utilizando uma retórica patriótica e focada na classe média
A convenção do Partido Democrata, realizada nesta quinta-feira, 23, em Chicago, centrou as atenções em Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, que foi oficialmente nomeada como candidata à presidência.
Em seu discurso, Harris destacou sua trajetória pessoal e profissional, utilizando uma retórica patriótica e focada na classe média, numa tentativa de atrair um amplo espectro de eleitores.
Harris não abordou diretamente a questão de ser a primeira mulher a concorrer à presidência pelo Partido Democrata. Em vez disso, optou por uma narrativa que destacava valores americanos tradicionais e a superação de desafios pessoais, como o divórcio de sua mãe e a vida em condições modestas.
“Somos herdeiros da maior democracia da história do mundo”, afirmou, enquanto evocava temas comuns a campanhas presidenciais vitoriosas, como a defesa da Previdência Social, a redução dos custos de saúde e a proteção dos direitos reprodutivos.
O evento foi marcado por uma tentativa clara do partido de contrastar Harris com o ex-presidente Donald Trump. Em um dos pontos mais incisivos de seu discurso, Harris afirmou: “Minha carreira toda foi dedicada a servir o povo”, estabelecendo uma oposição direta com Trump, a quem acusou de servir apenas a si mesmo. Trump, por sua vez, criticou Harris em uma ligação à Fox News logo após o discurso.
A convenção também buscou atenuar a imagem de Trump, com líderes democratas, como o ex-presidente Barack Obama, utilizando humor para diminuir a figura do ex-presidente. Obama fez referência à obsessão de Trump com o tamanho de suas multidões, enquanto Kenan Thompson, comediante conhecido por seu trabalho no “Saturday Night Live”, fez uma aparição comentando, com ironia, sobre o “Projeto 2025”, plano republicano para um segundo mandato de Trump.
O foco em Harris como uma “candidata de mudança” foi um tema recorrente ao longo dos quatro dias do evento, apesar de ela já ocupar um dos cargos mais altos do governo. Michelle Obama, ex-primeira-dama, ao falar no evento, reforçou a ideia de que Harris seria uma líder capaz de “escrever o próximo grande capítulo” da história americana.
A convenção também refletiu a estratégia pragmática do partido em relação às políticas de Harris. Embora tenha mudado de posição em questões como fracking e “Medicare para todos”, o partido parece disposto a dar à candidata a liberdade necessária para ajustar sua mensagem e ganhar apoio suficiente para vencer Trump. Harris ainda destacou sua intenção de aprovar uma legislação de segurança nas fronteiras, tema que Trump havia tratado sem sucesso.
No entanto, apesar do entusiasmo gerado na convenção, o caminho à frente para os democratas parece desafiador. Michelle Obama alertou contra o “já ganhou”, lembrando que “o que enfrentamos é grave”, enquanto líderes do partido reconhecem que, embora Harris tenha ganhado terreno nas pesquisas, Trump continua sendo um adversário imprevisível.
O clima positivo no evento foi reforçado pelos recentes avanços de Harris nas pesquisas, onde ela passou a liderar por dois pontos percentuais, de acordo com a média do The New York Times. No entanto, muitos democratas estão cientes de que esta vantagem pode ser efêmera, dado o cenário político polarizado e a natureza imprevisível das campanhas presidenciais.
O evento concluiu com Harris reafirmando sua visão para o futuro dos Estados Unidos, descrito como “uma oportunidade preciosa e fugaz de superar as amarguras do passado”. Muitos observadores acreditam que a convenção foi bem-sucedida em revitalizar o ânimo entre os apoiadores democratas, mas também destacam que o verdadeiro teste virá nas próximas semanas, à medida que a campanha eleitoral se intensifica.
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