O que Pequim pode esperar em caso de vitória de Trump?
Caso eleita, Harris provavelmente daria continuidade à política do presidente Joe Biden para a China. Donald Trump, porém, já está sinalizando um caminho muito mais duro
Uma coisa em que Democratas e Republicanos concordam é que o próximo líder americano, seja Donald Trump ou Kamala Harris, verá a China como o maior desafio da política externa da América.
Pequim exerce cada vez mais pressão política e militar sobre a democrática Taiwan, cujo aliado mais importante são os Estados Unidos. E é improvável que o presidente Xi Jinping reoriente a política econômica chinesa, que acabou por causar a guerra comercial com os EUA.
Caso eleita, Harris provavelmente daria continuidade à política do presidente Joe Biden para a China. Donald Trump, porém, já está sinalizando um caminho muito mais duro.
Ele ameaça impor tarifas de 60 por cento sobre as importações chinesas, restringir ainda mais os fluxos de investimento mútuo e privar o país do princípio da nação mais favorecida (NMF), que está em vigor entre os dois países desde meados da década de 1980. De acordo com a NMF, os benefícios que um país concede a um parceiro comercial também se aplicam a todos os outros.
As declarações de Trump deveriam ser levadas a sério?
Em um acordo comercial assinado pessoalmente por Trump no início de 2020, Pequim prometeu comprar mais produtos dos EUA, mas só o fez metade.
Até hoje, Trump culpa o líder estatal e partidário chinês, Xi Jinping, pelo surto de Covid-19, que contribuiu para a sua derrota eleitoral em 2020.
Mas deveríamos interpretar Trump literalmente? Não necessariamente. Primeiro, ele envia mensagens contraditórias quase diariamente, mas não dá seguimento sério a muitas das suas ameaças, mesmo que nunca as retire. Ele consegue primeiro elogiar e depois criticar duramente Xi Jinping na mesma entrevista.
Ele critica o apoio do presidente Biden aos carros elétricos, mas também diz que saúda o investimento chinês nesta área nos EUA. Ele se opõe à proibição do TikTok, que seu governo já apoiou, etc.
Cada presidente dos EUA enfrentará atritos cada vez maiores com a China porque a capacidade do país de influenciar os interesses americanos aumenta a cada ano. Mas ele ou ela também quererá evitar que esta fricção se transforme num conflito que teria consequências devastadoras para o mundo.
Trump não é exceção, mesmo que a sua política para a China seja caracterizada por grande incerteza e imprevisibilidade.
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