O que esperar de tempestades inusitadas no deserto do Saara?
Entenda esse evento excepcional e seus efeitos.
O Deserto do Saara, famoso por ser um dos lugares mais secos do planeta, está prestes a vivenciar um fenômeno meteorológico raríssimo: uma tempestade excepcional. Segundo modelos de computador, há um potencial para precipitações recordes em uma região que, em média, recebe apenas 7,62 centímetros de chuva ao longo do ano.
Este evento raro pode fazer com que algumas partes do Saara registrem até cinco vezes a quantidade média de chuva esperada para os meses de agosto e setembro. Áreas do Chade, Líbia, Níger e Argélia estão na rota desta tempestade, que pode provocar inundações em regiões onde as dunas de areia são péssimas absorvedoras de escoamento.
Tempestades no deserto: uma situação rara no Saara
Normalmente, o Saara é dominado por um sistema de alta pressão semi-estagnado que traz ar descendente, aquecendo e secando a região. Esse afundamento impede a formação de nuvens e tempestades, resultando no clima extremamente seco típico do deserto.
No entanto, nas próximas duas semanas, uma faixa de baixa pressão, conhecida como Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), vai se deslocar incomumente para o norte, gerando condições perfeitas para tempestades em áreas que geralmente não recebem chuva.
Por que chove no Saara?
A ZCIT é uma faixa de baixa pressão que se move de leste a oeste ao longo da África Central, onde os ventos alísios do norte e do sul se encontram. À medida que essas massas de ar colidem, o ar é forçado para cima, formando nuvens e tempestades. Este ano, a posição da ZCIT está cerca de 244 quilômetros mais ao norte do que a média, explicando o aumento das chuvas no Saara.
Impactos e curiosidades sobre o Clima no Saara
Os impactos dessa tempestade excepcional podem ser variados. Em áreas como o norte do Chade, que em média recebem apenas 5 a 15 centímetros de precipitação anualmente, a quantidade de chuva a ser esperada nos próximos 10 dias chega a ser considerável. Algumas consequências incluem:
- Inundações locais devido à incapacidade das dunas de areia de absorver grandes quantidades de água.
- Possíveis mudanças temporárias nos ecossistemas locais, com a vegetação reagindo ao influxo de umidade.
- Impactos nas comunidades humanas, particularmente em termos de infraestrutura e cultivo agrícola.
Qual a relação entre a ZCIT e a temporada de furacões?
A relação entre a ZCIT e a temporada de furacões no Atlântico é um fator intrigante. As mesmas trovoadas que geram chuvas intensas na África Central são as precursoras dos furacões no Atlântico. Este ano, com a ZCIT mais ao norte, as ondas tropicais estão saindo da África mais próximas do Saara Ocidental e Marrocos, absorvendo ar mais frio e arenoso e passando por águas apenas mornas. Isso tem dificultado a formação de furacões de longa trajetória no Atlântico.
Enquanto essa condição meteorológica rara se estabelece, espera-se que o Deserto do Saara enfrente chuvas muito acima do normal para sua região. Esse fenômeno temporário trará um alívio fugaz à aridez incessante do deserto.
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