“O ódio aos judeus ameaça a liberdade acadêmica”
O historiador israelense Benny Morris deveria falar sobre a guerra no Oriente Médio na Universidade de Leipzig, mas a universidade cancelou a palestra em cima da hora
O historiador israelense Benny Morris deveria falar sobre a guerra no Oriente Médio na Universidade de Leipzig, mas a universidade cancelou a palestra em cima da hora.
O cancelamento inesperado da palestra gerou polêmica e levantou questões sobre a liberdade acadêmica.
Em uma entrevista ao jornal suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ), Morris revelou que soube da suspensão de seu evento pela imprensa, sem qualquer comunicação prévia por parte da instituição, que emitiu apenas uma declaração pública.
A universidade justificou a decisão citando supostas declarações racistas feitas pelo pesquisador. No entanto, Morris rebate essa alegação, classificando-a como infundada.
Ele explicou que ativistas pró-palestinos desenterraram uma entrevista de 2004 publicada no jornal “Haaretz”, na qual ele discutia a segunda Intifada e questionava a disposição para a paz por parte da liderança palestina.
Morris argumenta que suas palavras estão sendo retiradas do contexto original, ignorando-se os atos de violência da época e a complexidade dos fatos históricos.
O peso do aspecto religioso nos conflitos
O foco pretendido de sua palestra seria o conflito árabe-israelense de 1948, abordando-o sob uma nova perspectiva que considera o envolvimento religioso como um elemento subestimado nas análises históricas predominantes.
Segundo Morris, o entendimento desse conflito como uma Jihad por muitos participantes árabes não é adequadamente explorado nas narrativas convencionais.
Antissemitismo
A reação negativa à sua pesquisa evidencia, segundo ele, uma crescente dificuldade em conduzir estudos críticos sobre o conflito no Oriente Médio na Europa, especialmente na Alemanha. Morris sugere que essa resistência é alimentada por sentimentos antissemitas e frustrações políticas contra o governo israelense.
A universidade mencionou preocupações com segurança para justificar o cancelamento. Contudo, Morris acredita que tais preocupações são meras desculpas para evitar confrontos com estudantes pró-palestinos.
Ele critica as instituições acadêmicas alemãs por cederem à pressão de grupos antissemitas, questionando se elas permanecerão como espaços de livre debate científico ou sucumbirão à censura disfarçada de proteção contra o racismo: “O ódio aos judeus ameaça a liberdade acadêmica na Alemanha”, desabafou o historiador.
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Comentários (1)
Marcelo Augusto Monteiro Ferraz
03.12.2024 14:40O mundo acadêmico do Ocidente está abarrotado de "intelectuais" invejosos da prosperidade de Israel, o único estado democrático do Oriente Médio, bem como da situação de vanguarda do país em termos socioeconômicos, científicos e tecnológicos.