O festival dos caipiras da Europa
Ontem, o Eurovision completou 60 anos. É o festival de música em que competem os países da Europa, mas não só -- Azerbaijão, Geórgia, Armênia, Israel e Austrália também entraram na disputa.A Suécia foi a vencedora, com a música "Heroes" (veja vídeo). Sobrepujou a Rússia, contra a qual torcia a maioria esmagadora da audiência e os apresentadores franceses, explícitamente...
Ontem, o Eurovision completou 60 anos. É o festival de música em que competem os países da Europa, mas não só — Azerbaijão, Geórgia, Armênia, Israel e Austrália também entraram na disputa.
A Suécia foi a vencedora, com a música “Heroes” (veja vídeo). Sobrepujou a Rússia, contra a qual torcia a maioria esmagadora da audiência e os apresentadores franceses, explícitamente. Quando estava à frente, a Rússia foi vaiada e as apresentadoras tiveram de lembrar o público de que se tratava de uma competição artística, para “construir pontes”, e não uma disputa política.
É curioso assistir ao Eurovision, porque que ele reproduz exatamente isso: disputas políticas e também submissões e laços afetivos entre vizinhos. Os pequenos países dos Balcãs costumam votar uns nos outros, assim como as nações do Báltico e as da Escandinávia. As ex-repúblicas russas mais orientais distribuem votos à Rússia (“Elas têm medo”, explicava um dos comentaristas franceses). Já a Polônia não daria um voto à Rússia nem mesmo se houvesse um Frank Sinatra em Moscou.
A Itália, que ficou em terceiro lugar, é um país querido por todos. O Reino Unido, que tem a melhor música do mundo, é ignorado. Quanto à França, a antipatia é tácita, mas não despercebida pelos franceses — que, mais uma vez entre os últimos colocados, agora ameaçam sair da competição.
Quanto à música propriamente dita, ela é cafona como as profundezas deste continente rico em história e cultura. O Eurovision é o festival dos caipiras da Europa.
Os caipiras da Europa não querem “construir pontes”.
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