O declínio do Wokismo nas empresas americanas
“Nos Estados Unidos, estamos testemunhando uma mudança de paradigma nos negócios. Anos de políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) nas empresas americanas afetaram os seus resultados financeiros. E se há uma linguagem que os americanos entendem, é a do dinheiro”
Nos Estados Unidos, a Universidade Cornell acaba de afirmar o princípio da neutralidade na sua comunicação, virando assim as costas ao wokismo. A professora de direito privado Morgane Daury-Fauveau escreveu, em artigo no jornal francês Le Figaro, que outras universidades e empresas anglo-saxônicas parecem estar seguindo o mesmo caminho.
Wokismo nas universidades
Nos Estados Unidos e na França, afirma a professora, após o pogrom de 7 de outubro, os campus foram palco de de numerosos atos antissemitas e manifestações que justificavam as atrocidades cometidas pelos terroristas.
Os estudantes que frequentam estes estabelecimentos se afirmam, na sua esmagadora maioria, como de esquerda. Por exemplo, em Harvard, 77% dos estudantes dizem que são de esquerda, Na Sciences Po esse número é de 71%.
Estes são estabelecimentos são os mais woke. Eles se pretendem “acordados”, “despertos”, isto é, “num estado de constante hipervigilância e de reação exagerada a menor palavra, ao menor ato que possa ser interpretado como um questionamento de uma opinião segundo o qual as minorias (sexuais e raciais) são ontologicamente vítimas e o homem branco, o carrasco”.
A intolerância woke
Para exemplificar a atitude woke presente nas universidades, a professora Daury-Fauveaule cita dois exemplos: em 2023, a professora de biologia Carole Hooven teve que deixar seu cargo em Harvard após ser acusada por estudantes de ter feito comentários “transfóbicos e prejudiciais” por ter lembrado que havia de fato dois sexos biologicamente distintos, determinados “pelos gametas que produzimos.”
Pouco antes, em 2022, uma professora de dança de salão da Sciences Po Paris não foi reconduzida por causa de sua atitude considerada sexista por ter se recusado a substituir os termos “homem-mulher” em seu curso de dança por “líder-seguidor”.
Todos esses estabelecimentos abrigam laboratórios de pesquisa que estão a serviço da propaganda woke. Abundam nessas universidades projetos sobre teoria de gênero, feminismo, pós-colonialismo, etc. Todas estas escolas também acolhem numerosas associações ultrafeministas, indígenas, racialistas e decolonialistas.
Wokismo, vitimização e antissemitismo
Após descrever o estado de coisas da pesquisa universitária dominada pelo wokismo, a professora Morgane Daury-Fauveau explica como isso se relaciona com as manifestações antissemitas que tomaram conta dessas instituições após o 7 de outubro:
“Compreendemos, portanto, facilmente a facilidade com que o discurso antissemita conseguiu ser libertado: as lutas lideradas por cada minoria convergem num grande movimento interseccional que permite a adição amplificada de sentimentos de vitimização, contra um bode expiatório perfeito, o judeu: ele é branco, ele defende com ternura e poder o seu país reivindicado por pessoas ´racializadas´”
Política de neutralidade
Em 26 de agosto o presidente interino da Universidade Cornell declarou um princípio de neutralidade da instituição: “As ações administrativas devem ser consistentes e neutras em termos de conteúdo. Num esforço para manter a neutralidade institucional e a deferência às muitas e diversas opiniões da comunidade Cornell, o Presidente e o Reitor abster-se-ão de oferecer opiniões sobre eventos nacionais ou mundiais que não tenham um impacto direto na universidade”.
Segundo Daury-Fauveau, esta tendência de declínio do wokismo vai além da universidade: “Nos Estados Unidos, estamos testemunhando uma mudança de paradigma nos negócios. Anos de políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) nas empresas americanas afetaram os seus resultados financeiros. E se há uma linguagem que os americanos entendem, é a do dinheiro”.
Wokismo nos negócios
Aprendemos, ao ler o Index of Wokism in Business (publicado pelo Observatório Wokism), que muitas empresas oferecem formação para “conscientizar todos os funcionários sobre estereótipos e preconceitos inconscientes.” Os funcionários são instruídos em coisas como não usarem a palavra “Natal”, mas preferirem o termo “festas”, entre outras bobagens do tipo.
Nos Estados Unidos, se a legislação o permitir, a prática das quotas é aplicada por muitas empresas. Às vezes, impõem tal prática aos seus fornecedores e boicotam-nos se não a cumprem.
O impacto financeiro se dá porque, ao comunicarem sobre o bem-estar no trabalho dos funcionários de várias minorias, as empresas têm, no mínimo, incomodado os seus clientes, cujas preocupações estão muitas vezes a anos-luz de distância dos temas woke.
Em maio de 2022, depois de perder 200 mil usuários, um memorando interno da Netflix lembrou aos funcionários que seu trabalho é antes de tudo entreter e que se determinado conteúdo em que precisam trabalhar os incomoda, o melhor é deixar a empresa.
Poucos meses depois, em abril de 2023, a cervejaria Anheuser-Busch (Budweiser) perdeu 5 bilhões na bolsa após parceria com uma influenciadora trans. O presidente da empresa pediu desculpas em um tweet: “Nunca tivemos a intenção de participar de um debate que divide as pessoas. Nosso trabalho é reunir as pessoas tomando uma cerveja.”
No final de novembro de 2023, o presidente da Disney declarou: “os criadores perderam de vista qual deveria ser o seu objetivo número um. Devemos entreter primeiro. Não se trata de enviar mensagens.”
Desde 2024, as declarações foram seguidas de ações. As empresas já não hesitam em declarar publicamente que estão abandonando a sua política woke para estarem mais alinhadas com as aspirações dos seus clientes.
Assim, a Tractor Supply, cuja clientela é maioritariamente constituída por agricultores, anunciou a sua decisão de pôr fim à sua política de diversidade e inclusão.
Outra gigante do mercado agrícola, a Deere & Co, está adotando a mesma abordagem. Muito recentemente, em rápida sucessão, Jack Daniels (uísque), Harley Davidson (motos) e Ford (automóveis), declararam que estavam se concentrando novamente nas necessidades dos clientes e anunciaram que estavam pondo fim à sua política de Diversidade, Equidade e Inclusão.
A conclusão da professora Morgane Daury-Fauveau é que o movimento de refluxo do wokismo está claramente em curso nos Estados Unidos. Esse movimento ainda deve levar alguns anos pra chegar na França.
No Brasil…bem, sempre funciona a máxima do Millôr Fernandes. Quando uma ideologia fica bem velhinha, vem morar no Brasil. Enquanto o mundo está voltando atrás nisso, nós estamos iniciando o processo.
Leia mais: Wokismo: o destrutivo tsunami ideológico que ameaça o Ocidente
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