O calendário do fim do mundo da ONU
Líderes mundiais, líderes empresariais e bancos de desenvolvimento têm apenas dois anos para evitar uma catástrofe climática, alertou a ONU
O chefe do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), Simon Stiell, fez um discurso nesta quarta-feira, 10, alertando que governos, líderes empresariais e bancos de desenvolvimento têm apenas dois anos para tomar medidas a fim de evitar uma mudança climática muito pior.
Stiell ressaltou que o aquecimento global está perdendo espaço na agenda dos políticos e é urgente agir.
De acordo com cientistas, reduzir pela metade as emissões de gases do efeito estufa até 2030 é crucial para impedir um aumento de mais de 1,5 graus Celsius nas temperaturas globais em relação aos níveis pré-industriais. Esse aumento desencadearia um clima mais extremo, com consequências devastadoras.
Emissões de CO2
No entanto, no ano passado, as emissões mundiais de CO2 relacionadas à energia atingiram um nível recorde. Os compromissos atuais de combate às mudanças climáticas não seriam suficientes para reduzir as emissões globais até 2030.
Segundo a Reuters, para Stiell, os próximos dois anos são essenciais para salvar nosso planeta. Ainda há uma chance de reduzir as emissões de gases de efeito estufa com uma nova geração de planos climáticos nacionais. No entanto, é necessário que esses planos sejam mais fortes e implementados imediatamente.
Em um evento realizado no think-tank Chatham House, em Londres, Stiell destacou a importância de os países do G20, responsáveis por 80% das emissões globais, darem um passo à frente de forma urgente.
Meta de financiamento climático
A principal tarefa das negociações climáticas da ONU este ano, que acontecerão em Baku, no Azerbaijão, é chegar a um acordo sobre uma nova meta de financiamento climático. Essa meta tem como objetivo apoiar os países em desenvolvimento que buscam investir no abandono dos combustíveis fósseis e no combate às alterações climáticas.
As cúpulas da ONU sobre o clima têm crescido em tamanho nos últimos anos, com milhares de lobistas e representantes empresariais participando diretamente das negociações. No ano passado, a COP28 em Dubai contou com a participação de quase 84 mil pessoas, o que gerou críticas de ativistas após mais de 2 mil lobistas do setor dos combustíveis fósseis se registrarem.
Stiell expressou o desejo de ver as futuras reuniões da COP reduzidas em tamanho, priorizando resultados fortes. Ele está em conversas com o Azerbaijão e o Brasil – país anfitrião das próximas duas cúpulas climáticas da ONU – para discutir essa questão.
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