O Brics contra Israel e o Ocidente
A Al Jazeera repercutiu a reunião extraordinária, convocada pelo BRICS, para tratar da situação emergencial em Gaza. Segundo a sua manchete, o “BRICS condena a guerra de Israel a Gaza em sinal para o Ocidente”...
A Al Jazeera repercutiu a reunião extraordinária, convocada pelo Brics, para tratar da situação emergencial em Gaza. Segundo a sua manchete, o “BRICS condena a guerra de Israel a Gaza em sinal para o Ocidente”.
Segundo a emissora, que tem sido considerada o megafone do Hamas, o grupo Brics, que até então tinha se concentrado em questões mais econômicas, mostrou, na reunião virtual que ocorreu em 21 de novembro, que procura “ter mais voz numa ordem global há muito dominada pelos Estados Unidos e pelos seus aliados ocidentais”.
Ao resumir a fala das autoridades, a Al Jazeera destacou “os apelos crescentes do Sul Global para acabar com a guerra na Faixa de Gaza”, afirmando que, nos seus bombardeios incessantes, Israel teria por alvo hospitais, escolas e campos de refugiados. A matéria omitiu, claro, as provas dadas por Israel de que o Hamas utilizava esses locais para guardar armamentos e lançar foguetes.
A matéria destacou ainda a fala de abertura do atual presidente do Brics, o presidente Ramaphosa, da África do Sul, para quem as ações de Israel “são uma clara violação do direito internacional” e a “punição coletiva de civis palestinos por parte de Israel é um crime de guerra, equivalente ao genocídio“. Ramaphosa também disse que o Hamas “violou o direito internacional e deve ser responsabilizado”.
A posição da Índia pareceu ao jornalista da Al Jazeera, Shola Lawal, muito branda: “A Índia, porém, não tem sido tão veemente e, de fato, reprimiu as marchas pró-Palestina no seu país, aparentemente apoiando Israel e o seu maior benfeitor, os EUA, no que é visto como uma divisão dentro dos próprios BRICS”.
Segundo o analista do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA), Steven Gruzd, ouvido pela Al Jazeera, essa divisão interna, expressa no comedimento da Índia, não resistirá a “um Irã impetuoso prestes a juntar-se ao grupo”, quando, então, “a Índia poderá não ser capaz de influenciar a forma como um novo BRICS+ reagirá a Israel”.
Ainda segundo a matéria da Al Jazeera, “dentro da ordem mundial global, os BRICS oferecem outra voz” e “isso é necessário para contrariar a atual visão hegemônica ocidental”. O Brics é necessário, afirma, “para que a voz do Sul Global seja ouvida”.
Quem tem dado muita voz ao Sul Global é o presidente Lula, que esteve presente na reunião. Sua retórica está bem alinhada com o propósito do grupo. No seu discurso, Lula condenou os ataques do Hamas, mas… sugeriu que Israel estava fazendo “uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis” e disse que “não podemos esquecer que a guerra atual também decorre de décadas de frustração e injustiça, representada pela ausência de um lar seguro para o povo palestino”.
Vladimir Putin e Xi Jinping também participaram do encontro virtual.
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