O antitrumpismo como estratégia de negócios
Vilma Gryzinski é uma jornalista com as ideias certas sobre o mundo. Ela escreve como a briga entre Donald Trump e parte da imprensa é boa para ambos os lados -- e ruim para o jornalismo de verdade. Leia o trecho da sua coluna...
Vilma Gryzinski é uma jornalista com as ideias certas sobre o mundo.
Ela escreve como a briga entre Donald Trump e parte da imprensa é boa para ambos os lados — e ruim para o jornalismo de verdade.
Leia o trecho da sua coluna:
“A personalidade combativa de Trump, sua relação ambivalente com a verdade e seu método de espicaçar repórteres cheios de si mesmos criaram este ambiente nocivo, no qual ambos os lados saem ganhando.
Para Trump, cada entrevista em que repórteres lançam questões que são mais declarações políticas do que perguntas objetivas, é mais uma oportunidade de provar a seus partidários como a imprensa o ‘persegue’ e ‘desrespeita’ a presidência – é claro que o conceito de desrespeitar está inteiramente ligado às simpatias ou antipatias políticas de quem ouve.
Para os repórteres, dos quais Jim Acosta é o exemplo máximo, há tudo a ganhar com a transformação de um correspondente em estrela antitrumpista que grita perguntas em tom de impropério, sempre na intenção de emplacar uma ‘pegadinha’.
‘Por que você não me deixar governar o país e você governa a CNN?’, trovejou Trump na entrevista que acabou servindo de pretexto para cassar a credencial na Casa Branca de Acosta, sob o argumento de que ele havia sido brusco com a encarregada de passar o microfone de repórter em repórter.
Para Acosta, foi a glória: agora ele pode oficialmente ser considerado um mártir da liberdade da imprensa pelos antitrumpistas.
Além de já ser um sucesso com as mulheres, desde que se separou, no ano passado. O bonitão moreno de cabeleira negra que começa a ficar grisalha – pai cubano, mãe americana –, certamente terá novas oportunidades na CNN.
Por enquanto, mantém o cargo de correspondente-chefe na Casa Branca, com salário calculado em 700 mil dólares por ano.
A própria TV a cabo virou um show antitrumpista 24 horas por dia a tal ponto que até informações importantes – caiu um avião em tal lugar , fechou um aeroporto em outro – foram irremediavelmente contaminadas pela politização.
É uma estratégia de negócios, ruim para quem ainda imaginava encontrar informações importantes na onipresente CNN, e boa para se posicionar como a ‘televisão da resistência’, posto que precisa disputar com a MSNBC, onde a maluquice antitrumpista atinge níveis alucinantes.
Um exemplo: a comentarista Rachel Maddow (salário: 7 milhões de dólares) passou a insuflar manifestações de protesto para ‘proteger’ a investigação feita pelo promotor-especial Robert Mueller sobre uma suposta conexão da campanha de Trump com agentes russos.
A figura do jornalista militante faz muito pela segunda parte da definição e pouco, ou nada, pela primeira. Isso não significa que é necessário ser imparcial, característica exigida da justiça e não do jornalismo, ainda mais em se tratando de comentaristas.
Mas o poder de ter uma imagem forte e um veículo importante precisa ser acompanhado por um mínimo de responsabilidade.
Do lado oposto – ou seja a Fox News, único grande veículo de comunicação no campo trumpista – aconteceu uma loucura similar.
Sean Hannity (programa de rádio, Fox e outras fontes de renda renderam suculentos 36 milhões de dólares no ano passado) e Jeanine Pirro, ex-juíza e promotora que também desce o relho com gosto no antitrumpismo, subiram ao palanque de um comício de Trump durante a campanha das últimas eleições legislativas.
Ambos não só conversam habitualmente com Trump como dão conselhos em questões importantes do governo.
Até pelos padrões americanos de partidarismo militante da mídia foi demais e a Fox divulgou uma nota condenando a atitude de seus contratados.”
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