Novo líder da Síria estima até quatro anos para eleições
Al-Sharaa, ex-comandante do grupo Hayet Tahrir al-Sham, abandonou nome de guerra ao assumir o poder no país
Ahmed al-Sharaa (foto), líder da Síria desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em 8 de dezembro, afirmou em entrevista ao jornal saudita Al-Arabyia News que as primeiras eleições livres no país podem levar até quatro anos para serem realizadas.
Segundo dise, será necessário realizar um censo populacional detalhado como base para a elaboração de uma nova Constituição, processo que ele estima levar cerca de três anos.
Al-Sharaa, ex-comandante do grupo Hayet Tahrir al-Sham (HTS), abandonou seu nome de guerra, Abu Mohammed al-Jolani, ao assumir o poder, em uma tentativa de reforçar sua imagem como estadista.
Ele atribuiu aos sírios, e não a si mesmo, a derrubada do regime que governou o país por mais de 50 anos.
“Não sou um libertador, mas todos que sacrificaram suas vidas libertaram a Síria”, afirmou na entrevista, prometendo que a transição não causará novos deslocamentos.
Desde que assumiu o governo, Al-Sharaa tem buscado unir as facções armadas do país. Ele anunciou que os grupos, incluindo o próprio HTS, serão dissolvidos e incorporados ao Exército Nacional. A integração começará a ser debatida em uma Conferência Nacional de Diálogo.
“As nomeações atuais foram essenciais para o momento e não visam excluir ninguém.”
Política externa e reconstrução
Com 90% da população dependendo de ajuda humanitária, Al-Sharaa destacou a importância de investimentos estrangeiros para a reconstrução da Síria. Ele citou contatos “muito positivos” com a Arábia Saudita, país com o qual espera reforçar laços.
“A Arábia Saudita terá um papel importante no futuro da Síria”, afirmou, relatando o período de sua infância em Riad e expressando desejo de visitar a cidade novamente.
Al-Sharaa também pediu aos EUA, sob a gestão de Donald Trump a partir de janeiro, que suspendam as sanções contra a Síria. E apelou que o país retire o HTS da lista de organizações terroristas.
Ele também fez acenos à Rússia, que mantém bases militares na Síria e apoiou a luta contra o Estado Islâmico. O líder sinalizou interesse em manter boas relações com Moscou, embora haja expectativa de redução da presença russa no país.
“Não queremos que a Rússia deixe a Síria de maneira que prejudique nossa parceria estratégica.”
Aceno a dissidentes
Na linha do discurso de “união” do país, o governo de transição sírio considera a reinclusão de dissidentes do regime do ditador deposto Bashar Assad.
Para voltar a trabalhar, os ex-integrantes do antigo regime deverão cumprir uma lista de pré-requisitos, entre eles ter desertado no período entre 2011 e 2021.
Segundo o Ministério do Interior, o requerente “não pode ter sido condenado por qualquer crime grave ou hediondo”.
Além disso, os solicitantes precisarão apresentar uma série de documentos ao novo governo e participar de cursos.
A burocracia síria ficou fragilizada após os confrontos entre o Tahrir al-Sham (HTS) e as forças do ditador Assad.
Agora, o novo governo tenta reincorporar antigos funcionários para acelerar a recuperação do país.
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