Nicarágua prende mais dois padres; repressão à Igreja aumenta
Religiosos detidos em Matagalpa e Estelí são mais vítimas da escalada autoritária do governo Ortega
A repressão brutal do regime de Daniel Ortega contra a Igreja Católica na Nicarágua atingiu novos patamares no último fim de semana, quando dois padres e uma assistente pastoral foram presos. As detenções ocorreram no sábado, 10, e domingo, 11, e envolvem o Pe. Leonel Balmaceda, pároco da Paróquia Jesús de Caridad em Estelí, e Denis Martínez, vigário da Catedral de Matagalpa. Carmen Sáenz, assistente pastoral em Matagalpa, também foi presa.
A perseguição do governo nicaraguense aos sacerdotes e à Igreja Católica está enraizada em uma série de razões políticas e sociais. Desde os protestos de 2018, a Igreja tem sido uma das poucas instituições que ousa criticar o governo de Ortega, especialmente em suas ações repressivas. A popularidade da Igreja, uma das instituições mais confiáveis no país, contrasta fortemente com a alta desaprovação do governo, tornando a instituição um alvo prioritário para o regime.
O governo Ortega busca controlar todas as vozes dissidentes, e a Igreja, com sua forte presença social, representa uma ameaça significativa ao seu poder. As ações repressivas, que incluem prisões, exílios e ataques a propriedades religiosas, demonstram o esforço contínuo do regime para silenciar qualquer oposição. Além disso, a relação entre Ortega e a Igreja Católica tem sido marcada por décadas de tensões, agravadas por ações como a expulsão do núncio vaticano e a proibição de procissões religiosas.
Mesmo diante dessas adversidades, a Igreja Católica na Nicarágua continua a resistir de forma corajosa. A solidariedade internacional tem sido fundamental, com episcopados ao redor do mundo expressando apoio e condenando as ações repressivas de Ortega. O Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e outras organizações católicas internacionais têm se manifestado firmemente em defesa dos direitos dos fiéis e dos líderes religiosos na Nicarágua.
A resistência pacífica também se faz presente. A Igreja continua a realizar suas funções religiosas, como a ordenação de novos sacerdotes, um ato que simboliza a continuidade da missão da Igreja mesmo sob forte opressão. Além disso, líderes e advogados ligados à Igreja têm desempenhado um papel crucial na documentação e denúncia das perseguições, buscando sensibilizar a comunidade internacional e pressionar por uma resposta efetiva.
O Vaticano mantém esforços de diálogo que visam aliviar as tensões e promover uma solução pacífica para a crise. Enquanto isso, a Igreja oferece apoio às vítimas da repressão, garantindo assistência espiritual e, quando possível, material às comunidades afetadas.
A ONU, através do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, condenou as recentes prisões, reiterando a necessidade urgente de que a Nicarágua respeite a liberdade religiosa. No entanto, o regime de Ortega continua a intensificar sua perseguição, numa tentativa clara de enfraquecer a Igreja Católica como uma força moral e social no país.
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