New York Times defende saída de Biden
Primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump em 2024 deixou um gosto amargo entre os apoiadores do atual presidente
O jornal americano The New York Times publicou um editorial nesta sexta-feira, 28 de junho, que defende a saída do presidente Joe Biden da corrida eleitoral, após o fiasco de sua participação no debate presidencial com Donald Trump na noite anterior.
“O maior serviço público que o presidente Biden pode prestar agora é anunciar que não concorrerá à reeleição“, diz o Times.
O jornal, um dos maiores do mundo, afirmou que o debate desta quinta-feira, 27, provou que Biden perdeu a credibilidade da imagem de ser o candidato que derrotou Donald Trump em 2020.
“Biden disse que é o candidato com melhores chances de enfrentar esta ameaça de tirania e derrotá-la. O seu argumento baseia-se em grande parte no fato de ter derrotado Trump em 2020. Isso já não é uma razão suficiente para que Biden seja o candidato democrata este ano. No debate de quinta-feira, o presidente precisava convencer o público americano de que estava à altura das formidáveis exigências do cargo que pretende ocupar por mais um mandato. No entanto, não se pode esperar que os eleitores ignorem o que era evidente: Biden não é o homem que era há quatro anos“, afirma o Times
“O presidente apareceu na noite de quinta-feira como a sombra de um grande servidor público. Ele se esforçou para explicar o que realizaria em um segundo mandato. Ele lutou para responder às provocações do Sr. Trump. Ele lutou para responsabilizar Trump por suas mentiras, seus fracassos e seus planos assustadores. Mais de uma vez, ele se esforçou para chegar ao fim de uma frase“, acrescenta.
O Times disse que, ao insistir na candidatura própria, Biden “está envolvido numa aposta imprudente”.
“Existem líderes democratas mais bem equipados para apresentar alternativas claras, convincentes e enérgicas a uma segunda presidência de Trump. Não há razão para o partido arriscar a estabilidade e a segurança do país, forçando os eleitores a escolher entre as deficiências do Sr. Trump e as do Sr. [Biden]. É uma aposta demasiado grande simplesmente esperar que os americanos ignorem ou desconsiderem a idade e a enfermidade de Biden que vêem com os seus próprios olhos“, afirma o jornal.
O Times ainda antecipou que apoiará uma eventual candidatura do atual presidente, se confirmada na Convenção Nacional do Partido Democrata, em meados de agosto, mas que defende a nomeação de outro candidato devido à “inadequação” de Biden à “escala e seriedade” da presumida ameaça de Trump à democracia americana:
“Se a corrida se resumir a uma escolha entre Trump e Biden, o presidente em exercício seria a escolha inequívoca deste conselho. Esse é o perigo que Trump representa. Mas dado esse perigo, os riscos para o país e as capacidades desiguais de Biden, os Estados Unidos precisam de um adversário mais forte para o presumível candidato republicano. Apelar a um novo candidato democrata tão tarde numa campanha não é uma decisão tomada levianamente, mas reflete a escala e a seriedade do desafio do Sr. Trump aos valores e instituições deste país e a inadequação do Sr. [Biden]“
Até Obama reconhece fiasco
O ex-presidente americano Barack Obama reconheceu o fiasco da performance do atual mandatário e seu ex-vice.
“Noites de debate ruins acontecem. Confie em mim, eu sei. Mas esta eleição ainda é uma escolha entre alguém que lutou pelas pessoas comuns durante toda a sua vida e alguém que só se preocupa consigo mesmo. Entre alguém que fala a verdade; que distingue o certo do errado e o transmitirá diretamente ao povo americano – e alguém que mente descaradamente para seu próprio benefício”, afirmou Obama no X, antigo Twitter, nesta sexta, 28.
“A noite passada não mudou isso, e é por isso que há tanta coisa em jogo em novembro”, acrescentou, em referência ao dia da eleição presidencial, 5 de novembro.
O primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump em 2024 deixou um gosto amargo entre os apoiadores do atual presidente.
No confronto transmitido pela CNN americana nesta quinta-feira, 27, Biden mostrou sinais de cansaço e dificuldades em articular suas respostas, enquanto Trump parecia mais enérgico e articulado.
Clima de enterro entre os democratas
A cobertura da mídia foi implacável. Veículos como o New York Times e o Washington Post destacaram a falta de energia de Biden, com o Wall Street Journal apontando que seu “problema de idade” eclipsou o debate político. O Politico mencionou o pânico entre os democratas, enquanto o Financial Times descreveu o desempenho de Biden como um tropeço durante todo o debate.
A CNN abriu sua rodada de análises do debate dizendo: “neste momento, há um pânico profundo, amplo e muito forte no Partido Democrata. Começou minutos após o início do debate e continua agora. Envolve estrategistas partidários e autoridades eleitas.
Envolve arrecadação de fundos, e eles estão conversando sobre o desempenho do presidente, que eles consideram péssimo, que eles acham que prejudicará outras pessoas no partido na chapa.
Eles estão conversando sobre o que deveriam fazer a respeito. Algumas dessas conversas incluem: Deveríamos ir à Casa Branca e pedir ao presidente que se afastasse? Os democratas mais relevantes deveriam tornar público esse apelo?”
A jornalista Jerusalem Demsas escreveu na revista The Atlantic: “Em outra época, nenhum aparato partidário teria permitido que um Joe Biden envelhecido e frágil chegasse a este ponto.” Mark Leibovich, no mesmo portal, publicou o artigo “Hora de ir, Biden”, no qual afirmou: “O negacionismo teve seu lugar, mas não é uma estratégia.”
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)