“Não entendo por que Lula não quer eleições democráticas na Venezuela”
A historiadora e jornalista americana Anne Applebaum questiona posição “muito, muito estranha” de Lula em relação ao regime de Maduro
A historiadora e jornalista americana Anne Applebaum, conhecida por seus trabalhos sobre as tensões entre autoritarismo e democracia, questionou a posição “muito, muito estranha” do presidente Lula em relação ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela.
“Não entendo porque o líder democraticamente eleito do maior país da América do Sul não quer que se realizem eleições democráticas na Venezuela”, disse em entrevista à agência Lusa.
Applebaum afirmou que, depois de a oposição venezuelana comprovar ter vencido as eleições, esperava que o “Brasil desempenhasse um papel importante em convencer Maduro de que tinha perdido e que deveria sair”.
Para a autora americana, o regime de Maduro continuará a “provocar caos, violência e refugiados” até o afastamento do ditador, o que contribui para a sua relutância em entender a decisão de Lula.
A jornalista também alertou sobre a aproximação do Brasil com a China, com Lula manifestando intenções de “jogar algum tipo de jogo” com o regime chinês.
“Não sei se [a aproximação de Lula com a China] é por causa de investimento ou se é por causa do apoio político”, acrescentou.
Lula sentiu cobrança sobre Venezuela
Lula sentiu a cobrança por não ter mencionado a crise pós-eleitoral na Venezuela em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em 24 de setembro.
O fato foi motivo de críticas por parte de veículos de imprensa, como Crusoé e O Antagonista, e de organizações de direitos humanos, em especial a Human Rights Watch (HRW).
“Por que eu vou falar da Venezuela? Eu falo o que me interessa falar. O discurso que eu queria fazer [na ONU] era aquele. E foi muito bom discurso”, afirmou Lula a jornalistas no México.
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Diretor da HRW critica Lula
O diretor da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch no Brasil, César Muñoz, criticou Lula por ignorar a crise na Venezuela durante o discurso do petista na Assembleia Geral das Nações Unidas.
“O presidente Lula abordou prioridades do Brasil em política externa. Porém, não fez nenhuma referência à situação dramática que vive a Venezuela. O silêncio não ajuda em nada as vítimas de abusos. O Brasil pode desempenhar um papel fundamental na defesa dos direitos humanos e na transição para a democracia”, disse Muñoz na rede social Threads.
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