Musk visita China e faz elogios
"A Tesla deseja dar o próximo passo para aprofundar a cooperação com a China e conseguir mais resultados benéficos para ambas as partes", disse Musk
Nesta segunda, 28, Elon Musk, CEO da Tesla, desembarcou em Pequim para uma visita cordial de negócios, gerando discussões sobre o equilíbrio entre seus pronunciamentos a favor da liberdade de expressão e suas operações na China, país conhecido por seu regime autoritário.
A viagem foi “a convite do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional”, segundo a CCTV, e tem como foco principal a negociação sobre o software de direção autônoma Full Self-Driving (FSD) e a transferência de dados de veículos coletados na China.
“A Tesla deseja dar o próximo passo para aprofundar a cooperação com a China e conseguir mais resultados benéficos para ambas as partes”, disse Musk.
Em reunião com o primeiro-ministro Li Qiang, Musk estava entusiasmado com as oportunidades no país, destacando a parceria como um modelo de sucesso nas relações comerciais sino-americanas. Essa colaboração levanta questões sobre como a Tesla e seu CEO lidam com as políticas de censura e controle de dados pelo governo chinês, contrastando com sua postura pública de defensor da liberdade de expressão, especialmente evidenciada na gestão de sua plataforma de mídia social, X.
A visita de Musk ocorre em um momento delicado, com a Tesla buscando a aprovação do governo chinês para transferir dados para fora do país, o que é essencial para o desenvolvimento de suas tecnologias de condução autônoma. Além disso, a Tesla planeja tornar o FSD disponível na China em breve, reforçando a posição da empresa no segundo maior mercado automobilístico do mundo.
A expansão da Tesla na China representa uma faceta importante de sua estratégia global, mas também destaca a complexidade de operar sob um regime que impõe rigorosas regulações de dados e tem um histórico de restrições à liberdade de expressão.
A China é uma ditadura
Na China, a liberdade de expressão e de imprensa são extremamente restritos e controlados pelo Partido Comunista Chinês (PCC).
Os meios de comunicação estão sob a gestão direta do Estado, que detém propriedades de mídia, credencia jornalistas e impõe severas penalidades para comentários críticos aos líderes partidários ou ao PCC. O controle se estende a diretrizes diárias para cobertura de notícias e a exclusão massiva de postagens e contas de redes sociais que abordam tópicos proibidos. Essa abrangente censura online é facilitada pela gestão estatal da infraestrutura de telecomunicações, que bloqueia sites e remove aplicativos de smartphones do mercado interno.
No que se refere à liberdade religiosa, o governo chinês exerce um controle rigoroso sobre todas as atividades, incluindo a seleção de líderes religiosos baseada em confiabilidade política e a exigência de conformidade ideológica nas doutrinas. As práticas religiosas pacíficas de grupos como os muçulmanos uigures são frequentemente punidas sob acusações de “extremismo religioso”.
Uma nova legislação que entrou em vigor em setembro de 2023 reforçou ainda mais o controle estatal sobre a estrutura organizacional e o pessoal dos grupos religiosos, exigindo que mantenham registros detalhados das atividades de seus membros, inclusive contatos com entidades estrangeiras.
A liberdade acadêmica na China também é severamente limitada, com esforços para monitorar discussões em sala de aula em todos os níveis de educação. O PCC controla a nomeação de altos funcionários universitários e mantém uma autoridade formal significativa sobre a administração universitária.
A doutrinação política, incluindo o estudo do “Pensamento de Xi Jinping”, é um componente obrigatório do currículo em todos os níveis de ensino. Essa atmosfera de vigilância e censura permeia não apenas o setor educacional, mas também afeta a capacidade dos indivíduos de expressar livremente suas visões políticas ou outros tópicos sensíveis sem medo de vigilância ou retaliação.
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