Morre Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional francesa
Le Pen ficou conhecido por sua retórica radical e por levantar debates sobre imigração, soberania nacional e segurança pública
Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional, morreu hoje aos 96 anos em Garches, na região metropolitana de Paris. A família divulgou nota informando que ele faleceu “cercado por seus entes queridos”, após semanas internado em uma casa de repouso devido a complicações de saúde.
Nascido em 20 de junho de 1928, na Bretanha, Le Pen dedicou mais de seis décadas à política e se destacou como líder do nacionalismo francês. Fundou em 1972 a Frente Nacional (hoje Reunião Nacional), partido que comandou até 2011. Foi candidato à presidência da França em cinco ocasiões, chegando ao segundo turno em 2002, quando foi derrotado por Jacques Chirac.
Le Pen ficou conhecido por sua retórica radical e por levantar debates sobre imigração, soberania nacional e segurança pública. Defendia maior autonomia legislativa para a França em relação à União Europeia e fazia críticas constantes às políticas migratórias. Afirmava que a entrada de imigrantes mudaria a cultura francesa e enfraqueceria a identidade do país.
Ao longo da carreira, enfrentou acusações e condenações por declarações que negavam ou minimizavam fatos históricos. Em 1987, afirmou que as câmaras de gás nazistas eram “um detalhe da história da Segunda Guerra Mundial”, o que resultou em condenação nos termos da Lei Gayssot. Em 2015, voltou a se referir ao Holocausto como um “detalhe“, gerando nova reação judicial e o afastamento definitivo do partido que fundou.
Em 2014, ao comentar sobre a explosão demográfica global, sugeriu que o vírus Ebola seria uma solução para frear a imigração em massa para a França. No mesmo ano, provocou indignação ao usar o termo “fornada” para se referir a artistas judeus críticos de sua liderança. A frase foi amplamente interpretada como uma referência antissemita, o que gerou novas acusações e desgaste político.
Mesmo após sua saída do comando da Reunião Nacional e rompimento com Marine Le Pen, sua filha e sucessora, Le Pen permaneceu uma figura central na história da direita francesa. Jordan Bardella, atual líder do partido, descreveu-o como “tribuno do povo” e exaltou seu compromisso com a defesa da identidade e soberania da França.
Veterano de guerras na Indochina e na Argélia, Le Pen também foi deputado na Assembleia Nacional e eurodeputado. Sua trajetória política e declarações provocaram polarizações profundas, mas consolidaram sua posição como um dos líderes mais influentes e controversos da política francesa.
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