Morales pode trazer “pesadelo” da violência de volta, diz Carlos Mesa
Em entrevista à Folha, o ex-presidente da Bolívia Carlos Mesa, que disputou com Evo Morales as últimas eleições e denunciou uma fraude no processo eleitoral, afirmou que um eventual retorno ao país do hoje asilado político na Argentina significaria a volta da violências nas ruas...
Em entrevista à Folha, o ex-presidente da Bolívia Carlos Mesa, que disputou com Evo Morales as últimas eleições e denunciou uma fraude no processo eleitoral, afirmou que um eventual retorno ao país do hoje asilado político na Argentina significaria a volta da violências nas ruas.
“Ninguém duvida de que ele [Evo] é uma figura política de uma importância enorme na Bolívia, mas já não tem o mesmo apoio e a mesma capacidade de mudar o rumo do país. Houve muita violência, muitas mortes. As pessoas não esquecem e não vão querer o retorno de Morales porque sabem que ele pode trazer esse pesadelo de volta. Não creio que, se consiga voltar, seja recebido com grande alegria”, disse Mesa.
“Há uma ordem de prisão contra ele, e creio que só voltaria se estivesse muito seguro de um acolhimento muito grande e sólido de seus apoiadores, além de uma garantia de impunidade. E isso se perdeu. Sua base está rachada, mesmo entre indígenas, mesmo entre apoiadores que eram fiéis até outro dia.”
O ex-presidente boliviano também rechaçou a tese difundida por Evo Morales de que teria havido um “golpe” para afastá-lo do poder.
“Essa tese da ilegitimidade de Jeanine Áñez [presidente interina] é falsa, e eu nem considero mais que isso tenha de ser discutido, porque já estamos num novo processo que pode colocar fim a toda essa instabilidade, e é disso que o país precisa neste momento”, diz Mesa.
Sobre o Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, Mesa disse:
“Não creia que ele tem o apoio de todo o MAS. O MAS não está fechado com Morales. Surgiram novas lideranças, o partido se renovou e há vontade de participar no novo processo. É claro que há um núcleo duro fiel a ele. Mas passou muito tempo, uma nova geração do partido surgiu. E o que estamos vendo no Parlamento é uma vontade do MAS de fazer o país superar essa fase.”
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