Ministro italiano ecoa polêmica sobre cartaz dos Jogos Olímpicos
"Não foi uma boa ideia apagar a cruz dos Invalides. Não é uma boa ideia apagar a nossa história e a nossa identidade, para enviar uma mensagem aos outros”, discursou o chefe da delegação italiana.
Antonio Tajani, ministro dos Negócios Estrangeiros italiano e ex-presidente do Parlamento Europeu ecoou a polêmica relativa ao “desaparecimento” da cruz no Palácio dos Invalidos, no cartaz oficial dos Jogos Olímpicos, durante o Congresso do Partido Popular Europeu (PPE), em Bucareste, esta quinta-feira, 7 de março. “Não foi uma boa ideia apagar a cruz dos Invalides. Não é uma boa ideia apagar a nossa história e a nossa identidade, para enviar uma mensagem aos outros”, discursou o chefe da delegação italiana.
O designer do referido cartaz, o parisiense Ugo Gattoni, é ele próprio de origem italiana, o que irrita ainda mais o atual secretário do partido Forza Italia – fundado por Silvio Berlusconi. “Nenhum muçulmano, nenhum judeu teria apagado a sua história”, continua o governante eleito italiano, sob fortes aplausos do seu público. “Se não nos respeitarmos, os outros nunca respeitarão os europeus. Isto não é secularismo, é estupidez! », declarou Tajani, que também é vice-presidente do conselho italiano no governo de direita de Giorgia Meloni.
“Acredito no secularismo: não em apagar a história, não em apagar a identidade (…). Espero que mudem as coisas na França (…). Não é um desenho que muda a história da França e da Europa”, insistiu Antonio Tajani, recordando também as raízes democratas-cristãs do seu próprio partido
A sua explosão de indignação foi muito apreciada nas fileiras da delegação francesa do PPE (grupo de centro direita do Parlamento europeu):
“Obrigado, querido Antonio Tajani, por estas palavras fortes para a França: o nosso país e a Europa não serão respeitados se não respeitarem a sua própria história e aquilo em que se baseiam”, reagiu no X (antigo Twitter) François-Xavier Bellamy, chefe do partido LR (Les Républicains).
A polêmica do sumiço da cruz
Divulgado no final da tarde de segunda-feira, 4 de março, o cartaz oficial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Paris 2024 foi alvo de críticas nas redes sociais e também entre políticos pelo fato de ter feito desaparecer, no desenho, a cruz que domina a cúpula dos Invalides, trocando-a por uma flecha.
Na tarde da terça-feira, 5 de março, a Comissão Organizadora se manifestou sobre a obra, assinada pelo designer Ugo Gattoni: “Os cartazes oficiais são uma interpretação artística alegre de uma cidade-estádio reinventada. Muitos elementos poderiam ser reinterpretados pelo artista. É uma representação que não é exaustiva nem fiel à realidade […] isso não deveria estar sujeito a interpretações políticas”, afirmaram os organizadores.
Ugo Gattoni também quis defender a sua visão das coisas e do seu trabalho: “Através do meu desenho de cartazes oficiais não procuro representar objetos ou edifícios de forma conformada. Evoco-os tal como me aparecem e sem segundas intenções. Não procuro que sejam fiéis ao original, mas sim que possamos imaginar num relance do que se trata, ao mesmo tempo que o projetamos num universo surreal e festivo”.
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