Militar dos EUA confessa vazamento de segredos de Estado
Jack Teixeira, membro da Guarda Nacional dos EUA, confessa publicamente vazamento de segredos de Estado em tela de tribunal. Saiba os detalhes do caso e as repercussões desses atos na segurança nacional.
Um membro da Guarda Nacional do Ar dos EUA confessou ter publicado dezenas de documentos confidenciais na internet, no que é considerado um dos vazamentos de inteligência mais notórios dos últimos anos. Os promotores sugerem uma sentença de até 16 anos e oito meses de prisão para Jack Teixeira, de 22 anos.
Enquanto trabalhava em uma base da Guarda Nacional do Ar, Teixeira divulgou documentos no Discord, plataforma popular entre os gamers. O material incluiu mapas, imagens de satélite e informações de inteligência sobre aliados dos EUA. O julgamento, conduzido em um tribunal federal de Boston na última segunda-feira, resultou na confissão de culpa do rapaz em seis acusações de retenção e transmissão intencional de informações de defesa nacional.
Pena e detenção
No âmbito de um acordo judicial, os promotores apontaram que solicitarão um período de 200 meses de prisão, com o qual Teixeira concordou em não contestar. No mínimo, ele cumprirá 11 anos de reclusão e pagará uma multa de US$ 50.000 (o equivalente a R$ 200 mil no câmbio atual). Adicionalmente, acertou debriefings com autoridades de inteligência e defesa.
No julgamento, Teixeira se pronunciou brevemente para confirmar sua concordância com o acordo proposto. “Um dos motivos de este caso ser tão sério é que, uma vez que as postagens são feitas na internet, é quase impossível rastrear o que acontece com cada documento”, declarou o promotor Joshua Levy.
Um “garoto” diante das responsabilidades
No entendimento de Michel Bachrach, advogado de Teixeira, o jovem teve um papel “significativo” na ação criminosa realizada. Bachrach alegou que seu cliente era “um garoto, na verdade” e expressou o desejo de que possa persuadir sucesso na defesa de uma pena de 11 anos na audiência de sentença programada para o dia 27 de setembro.
Teixeira começou a compartilhar informações no final de 2022 com uma pequena comunidade de entusiastas de armas e militares em um servidor Discord. Inicialmente, os documentos permaneceram dentro do grupo, mas logo foram redistribuídos para canais mais públicos. Eventualmente, os documentos chegaram a fóruns de mensagens extremistas e redes sociais maiores, sendo posteriormente adotados por canais do Telegram pró-Kremlin e blogueiros militares.
Supervisão e denúncia
O vazamento acionou uma investigação e levou o Pentágono a examinar seus sistemas de gerenciamento de informações classificadas. Em dezembro, a Força Aérea puniu 15 de seus membros em conexão com o caso. Um relatório do inspetor geral da Força Aérea afirmou que os oficiais estavam cientes das “atividades de busca de inteligência” de Teixeira e falharam em detê-lo.
O documento também afirmou que os supervisores de Teixeira não conheciam a totalidade de suas atividades online. Além disso, revelou que havia falta de supervisão durante os horários noturnos na base, quando três pessoas eram responsáveis por atender telefones e garantir o funcionamento dos sistemas de aquecimento e ar condicionado. Foi nesses turnos noturnos que Teixeira imprimiu e contrabandeou documentos confidenciais.
A família de Teixeira tem um histórico de serviço militar. Seu padrasto serviu 34 anos na Força Aérea e sua mãe trabalhou para organizações sem fins lucrativos voltadas para veteranos. Ambos compareceram à audiência de confissão de culpa na última segunda-feira.
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