Mais de 50 países pedem negociação após tarifaço de Trump
Tarifas sobre produtos importados de mais de 180 países entraram em vigor no sábado

O novo pacote protecionista de tarifas de importação imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a vigorar neste sábado, 5, e já provocou reação internacional. Segundo o conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, mais de 50 países entraram em contato com Washington para tentar negociar a redução ou eliminação das novas taxas.
Em entrevista à rede ABC News neste domingo, 6, Hassett afirmou que os pedidos envolvem não apenas a revisão das tarifas, mas também a discussão sobre políticas cambiais. Ele não revelou os países que buscaram diálogo, mas indicou que as conversas devem se prolongar por meses.
As medidas, anunciadas por Trump na última quarta-feira, incluem uma tarifa geral de 10% sobre todas as importações, além de taxas adicionais que entram em vigor na quarta-feira, 9. Entre os alvos estão a União Europeia (20%), China (34%), Coreia do Sul (25%), Japão (24%) e Brasil (10%). No total, mais de 180 países e territórios foram afetados.
Na prática, o “tarifaço” marca uma reviravolta nas relações comerciais internacionais.
“O mundo como o conhecíamos acabou”, disse o primeiro-ministro britânico Keir Starmer. A União Europeia convocou uma reunião de emergência de seus ministros do Comércio para esta segunda-feira, 7, enquanto a China respondeu imediatamente com tarifas equivalentes sobre produtos americanos.
Apesar das críticas, o governo Trump insiste que não haverá recuos. “Não haverá adiamento”, afirmou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, à CBS. “As regras estão desequilibradas e o presidente vai consertar isso.”
“Independência econômica”
Em publicação na rede Truth Social, Trump defendeu as tarifas como uma forma de retomar o controle econômico do país.
“É a nossa declaração de independência econômica. Fomos o poste de chicote do mundo, mas não mais”, escreveu.
Segundo ele, os EUA já teriam atraído mais de US$ 5 trilhões em investimentos desde o anúncio das novas medidas.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, minimizou o impacto imediato no mercado financeiro, que registrou queda generalizada após o anúncio. Segundo ele, não há razão para prever uma recessão. “Os países estão tentando negociar porque sabem que suas economias sofrerão grande parte do impacto”, disse à NBC News.
Trump também evitou impor tarifas à Rússia, decisão que, segundo Hassett, foi tomada para não comprometer as negociações em andamento sobre a guerra na Ucrânia.
Nesta segunda-feira, 7, Trump se reunirá em Washington com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Um dos temas será a tarifa de 17% que passará a ser aplicada sobre importações israelenses.
Bolsas dos EUA desvalorizam
Na sexta-feira, os índices acionários nos Estados Unidos despencaram pelo segundo dia consecutivo, totalizando perdas de 7 trilhões de dólares ou 40,6 trilhões de reais na cotação atual.
Os investidores têm reduzido suas exposições em renda variável em meio às incertezas sobre a continuidade da pressão tributária imposta pelo presidente Donald Trump.
Alguns países fortemente afetados estão em negociações com o governo dos EUA. Outros já anunciaram que vão “contra-atacar”.
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