Mais armas nucleares em alerta contra Rússia?
Secretário-geral da Otan disse que a organização estuda colocar mais ogivas nucleares em prontidão para uso imediato contra a Rússia
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg (foto à direita), revelou ao jornal britânico The Telegraph que a aliança militar ocidental está discutindo a retirada de parte de seu arsenal nuclear de depósitos, colocando as ogivas em prontidão para uso imediato com a Rússia.
Stoltenberg não entrou em detalhes operacionais sobre quantas ogivas nucleares devem estar operacionais e quantas devem ser estocadas, mas afirmou que é necessário consultar-se sobre essas questões. Ele ressaltou a importância da transparência para transmitir a mensagem direta de que a Otan é uma aliança nuclear.
A resposta do Kremlin foi imediata. O porta-voz do ditador Vladimir Putin, Dmitri Peskov, considerou a declaração uma escalada nas tensões com a Otan. Já o chefe do serviço de inteligência internacional russo, Serguei Narichkin, afirmou à agência Tass que Stoltenberg está apenas tentando intimidar a Rússia.
Ameaças de Putin
Essa tem sido a posição de Moscou desde o início da invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022. Putin vem ameaçando qualquer intervenção no conflito. Até agora, a Otan sugeriu, mas nunca cogitou enviar soldados para ajudar Kiev.
Durante a guerra, Putin e outras autoridades russas sempre voltaram ao tema das armas nucleares, ora dizendo que seu uso era impensável, ora defendendo mudanças na doutrina de seu uso. Recentemente, eles têm afirmado que a escalada na ajuda militar ocidental aos ucranianos e a sugestão francesa de enviar tropas para o país invadido estão empurrando o mundo para um conflito geral.
As armas nucleares da Otan
Stoltenberg não especificou quais armas está se referindo, mas provavelmente está falando do arsenal de armas táticas em território europeu, que faz parte da política de compartilhamento nuclear criada pelos Estados Unidos. Estima-se que haja pelo menos cem bombas de menor potência e uso restrito ao campo de batalha em seis países da Otan na Europa. Essas bombas ficam estocadas em cofres subterrâneos e só são colocadas em modo operacional, ou seja, nos aviões que as lançam, em caso de conflito.
Durante a Guerra Fria, caças e bombardeiros da Otan patrulhavam com armas nucleares ativas, assim como seus rivais soviéticos. Stoltenberg não chegou a mencionar a reativação dessa prática, mas sugeriu que as bombas devam estar em posição de serem carregadas imediatamente.
Essa discussão sobre o arsenal nuclear é um sinal importante no mundo da diplomacia nuclear. Este ano, a Holanda se tornou o primeiro país a operar os novos caças americanos F-35 com capacidade de lançar versões da bomba B61. Antes disso, eram os modelos F-16 que realizavam essa função, assim como o Panavia Tornado na Alemanha.
Arsenal tático dos EUA
Não foi mencionado se os Estados Unidos pretendem transferir parte de seu arsenal tático que está em seu território, estimado em cerca de cem ogivas pela Federação dos Cientistas Americanos. Essa mesma entidade afirma que a Rússia possui 1.558 bombas táticas armazenadas.
Nos últimos meses, Putin tem realizado exercícios militares para testar a velocidade com que seus mísseis balísticos, navais, aviões de ataque e bombardeiros podem ser armados. Essas manobras foram uma resposta direta à movimentação ocidental de retomada do apoio à Ucrânia.
Esse arsenal não deve ser confundido com as ogivas estratégicas, que são mais potentes e têm o objetivo de causar danos em cidades inteiras. Tanto a Rússia quanto os Estados Unidos respeitam os limites do tratado Novo Start, que possui aproximadamente 1.700 ogivas estratégicas prontas para serem disparadas de silos, lançadores móveis, submarinos e bombardeiros.
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