Maioria dos Norte-Coreanos dependem de mercado informal para sobrevivência, revela estudo
Descubra neste novo estudo a dura realidade dos norte-coreanos, que dependem majoritariamente do mercado informal para sobreviver.
Um recente relatório divulgado pelo Ministério da Unificação de Seul revela que a maioria dos norte-coreanos que fugiram para o sul nos últimos dez anos nunca recebeu porções de alimentos do governo e teve de usar meios alternativos para sobreviver.
Relatório
O estudo, publicado nesta terça-feira (6), analisou o panorama econômico e social da Coreia do Norte baseando-se em entrevistas com mais de 6.300 desertores que chegaram ao sul entre 2013 e 2022. Desde 2010, o ministério conduz essa pesquisa, entretanto, esta é a primeira vez em que os resultados são tornados públicos.
A Coreia do Norte passou por crises de escassez de alimentos nas últimas décadas, referentes à fome na década de 1990, muitas vezes agravada por desastres naturais, sanções internacionais e a retração do comércio fronteiriço durante a pandemia.
Dependência do mercado informal
De acordo com o estudo, 72% dos desertores que chegaram ao sul entre 2016 e 2020 não receberam qualquer porção de alimentos do governo norte-coreano. Entre os que chegaram antes do ano 2000, o percentual é de 62%.
Cerca de metade dos entrevistados que chegaram ao sul entre 2016 e 2020 afirmaram não ter recebido salários ou alimentos do trabalho, contra um terço antes de 2000. Em contrapartida, quase 94% confirmaram que podiam ganhar dinheiro em mercados. As pessoas que fugiram em 2016-20 disseram que 69% da renda familiar era obtida de maneira informal, enquanto o grupo anterior a 2000 relatou cerca de 39%.
Situação precária
“Pudemos confirmar que os ambientes de moradia, saúde e educação dos residentes norte-coreanos ainda são subdesenvolvidos, e a mercantilização continua em muitos aspectos de seus meios de subsistência para a sobrevivência”, disse o ministro da Unificação, Kim Yung-ho, no relatório.
O estudo mostra ainda que 37% de todos os entrevistados foram privados de pelo menos 30% de sua renda pelas autoridades; esse número subiu para 41% após a ascensão do líder Kim Jong Un ao poder no final de 2011.
Corrupção e opinião política
Mais de 54% dos desertores que chegaram ao sul de 2016 a 2020 admitiram ter subornado funcionários do Estado autoritário, em contraste com 14% antes de 2000.
No mês passado, Kim Jong Un, da Coreia do Norte, advertiu em uma reunião do governista Partido dos Trabalhadores da Coreia que descumprir o fornecimento das necessidades básicas de vida, incluindo alimentos, era uma “questão política séria”, informou a mídia estatal.
Em termos políticos, 56% dos entrevistados que fugiram após 2016 têm opiniões negativas sobre a tomada de poder por Kim, enquanto 26% consideram legítima sua sucessão dinástica. Menos de 30% dos entrevistados apoiam a sucessão hereditária, em comparação com 57% entre aqueles que fugiram antes de 2000.
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