Latitude #68: a vulnerabilidade das crianças no Benin
A taxa de mortalidade infantil no Benin é acima de 50%; a maior parte morre de malária, doença controlada em vários países do mundo
A taxa de mortalidade infantil no Benin é acima de 50%. A maior parte morre de malária, doença que já foi controlada em vários países do mundo. Os centros de saúde também não têm leite especiais para recém-nascidos. Quando a mãe não tem leite para dar, muitos bebês que nascem são deixados em um canto, à espera da morte.
“Não existe um sistema de saúde no Benin. Tudo precisa ser pago, e as pessoas dão preferência para comprar comida“, diz o cirurgião pediátrico José Lucio Martins Machado. Ele, que participou de uma missão de estudantes de medicina brasileiros ao país, contou que chegou a encontrar pacientes que não comiam há quatro dias. “Nós presenciamos uma situação de vulnerabilidade extrema, o que foi muito triste.”
Machado participou do podcast Latitude desta semana com Rodrigo Dias Nunes, ginecologista e obstetra. Eles integram a Inspirali, uma rede de gestores de cursos de medicina de catorze universidades brasileiras. A Inspirali já organizou cinco viagens para a Amazônia brasileira. A primeira para o Benin ocorreu este ano.
“Ao pegarmos um bebê no colo para fazer um exame, quando íamos devolver para a mãe, ela falava: “Não devolve, fica com ele, leva para o Brasil, aqui ele não tem chance‘”, disse Nunes. “Eu lembro a primeira vez que eu fui ao Benin, fui atender a uma paciente com infecção dos rins (…). Ela tinha ganho o bebê há sete dias. Mas o bebê estava em um canto, deitado. A explicação era que ela estava sendo descartada para morrer. Como a mãe não tinha leite, a criança não tinha chance de sobreviver.”
Como os médicos deram leite em pó para o bebê, ele sobreviveu. “Em uma semana, ela estava amamentando o bebê.”
No Benin, os estudantes e médicos brasileiros descobriram que as mulheres inférteis são descartadas das famílias, que aquelas que gritam na hora do parto são agredidas pelas parteiras e que pacientes com doenças mentais são acorrentados a árvores nos quintais.
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