Khamenei faz primeiro pronunciamento após queda de Assad
"Alguns podem estar celebrando em Damasco ou ocupando casas das pessoas; ou ainda o regime sionista bombardeando alvos na Síria... isso não durará muito", afirmou o líder supremo do Irã
O Irã está se esforçando para manter uma postura otimista diante da recente derrubada de seu aliado sírio, Bashar al-Assad, afirmando que continuará a enfrentar os Estados Unidos e Israel na região.
Em suas primeiras declarações desde a queda do regime sírio, o líder supremo iraniano, Ayatollah Ali Khamenei, enfatizou que a “frente de resistência” do Irã no Oriente Médio se tornará “mais forte sob pressão” e se expandirá por toda a região.
Khamenei alertou contra sugestões de que o Irã seria enfraquecido pelos eventos na Síria e no Líbano: “O Irã é poderoso e se tornará ainda mais forte”, disse ele, advertindo que “usar análises ou comentários para desanimar o povo é um crime”.
Teerã examina cautelosamente como lidar com os novos governantes da Síria; dois ex-deputados iranianos expressaram preocupações sobre as dívidas da Síria com o Irã, que segundo eles somam bilhões de dólares.
No entanto, Khamenei parece acreditar que a situação pode eventualmente se reverter a favor do Irã. “Alguns podem estar celebrando em Damasco ou ocupando casas das pessoas; ou ainda o regime sionista bombardeando alvos na Síria… isso não durará muito”, afirmou. “A juventude síria se levantará e mudará essa situação.” Ele admitiu, entretanto, que isso pode levar tempo.
Evacuação de iranianos
Teerã também confirmou a retirada de seus cidadãos da Síria em resposta ao avanço dos rebeldes islâmicos.
A porta-voz do governo, Fatemeh Mohajerani, informou que mais de 4.000 iranianos foram repatriados em dez voos da Mahan Air nos últimos três dias, acrescentando que o ministério das Relações Exteriores garantirá a evacuação de todos os cidadãos iranianos restantes.
A natureza exata dos evacuados não está clara, pois não se sabe se incluem peregrinos, diplomatas ou membros das forças armadas iranianas presentes na Síria. Esmaeil Baghaei, representante do ministério das Relações Exteriores, afirmou que todos os diplomatas iranianos foram retirados com segurança da embaixada em Damasco antes que o edifício fosse atacado.
EUA e Israel
Khamenei observou que as forças iranianas estão em uma missão “consultiva” na Síria e não podem lutar no lugar do exército sírio, cuja fraqueza ele responsabilizou pela rápida queda do regime: “Os problemas que a Síria enfrenta hoje são o resultado da fraqueza do seu exército e da perda da sua firmeza e resiliência”, disse Khamenei
A queda de Assad representa um duro golpe à influência regional que o Irã cultivou ao longo das últimas quatro décadas por meio de aliados dispostos a confrontar tanto Israel quanto os EUA. A Síria serviu como uma importante rota de suprimento para o Irã no apoio ao Hezbollah no Líbano, às milícias xiitas no Iraque e aos houthis no Iémen.
Khamenei mencionou os ataques dos EUA e de Israel a alvos dentro da Síria e a captura por Israel de partes do território sírio recentemente como provas da participação deles na derrubada de Assad, afirmando que os grupos armados ou terroristas na Síria atuam apenas sob suas ordens. “Não há dúvida de que o centro de comando principal está nos EUA e no regime sionista”, disse Khamenei, referindo-se a “indícios indiscutíveis” que mostrariam essa participação.
Rússia
A Rússia, outro apoio internacional crucial ao regime Assad, também ficou surpresa com sua derrota e concedeu asilo ao líder deposto.
Durante anos, Moscou foi o principal apoiador militar de Assad, atacando rebeldes com seus aviões até poucos dias antes da vitória final deles. O Kremlin agora retirou suas forças de partes da Síria, mas manteve suas principais bases aéreas e navais no Mediterrâneo.
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