Jornalista americano condenado a 16 anos de prisão na Rússia
Acusado falsamente de espionagem, Gershkovich foi vítima de um julgamento secreto e acelerado, marcado pela ausência de provas
Em uma ação que escandalizou a comunidade internacional, Evan Gershkovich, jornalista americano do Wall Street Journal, foi condenado a 16 anos de prisão na Rússia.
Acusado falsamente de espionagem, Gershkovich foi vítima de um julgamento secreto e acelerado, marcado pela ausência de provas e pela clara intenção do governo russo de usar seu caso como ferramenta política.
O julgamento de Gershkovich, que durou apenas três dias, foi amplamente visto como uma formalidade, uma vez que absolvições em casos de espionagem na Rússia são raríssimas. As autoridades russas não apresentaram nenhuma prova concreta contra o jornalista, que foi detido em março de 2023 enquanto realizava uma reportagem em Ecaterimburgo. Durante o processo, Gershkovich “não admitiu culpa”, conforme informou a porta-voz do tribunal.
A Rússia, sob o comando de Vladimir Putin, intensificou a repressão interna desde a invasão da Ucrânia, em 2022. Segundo relatório recente da Freedom House, o governo russo tem utilizado ferramentas legais para excluir partidos políticos de oposição das eleições, prender ativistas e políticos, fechar ou forçar a saída de toda a mídia independente e submeter o judiciário.
Desde 2022, o Kremlin vem se esforçando para erradicar qualquer dissidência contra a guerra, silenciar a mídia crítica e militarizar a sociedade russa, acelerando um declínio de 13 pontos na liberdade, segundo ranking anual da Freedom House, ao longo da última década.
A sentença de Gershkovich foi amplamente condenada pelo governo dos EUA. Vedant Patel, porta-voz adjunto do Departamento de Estado dos EUA, afirmou: “Este processo legal falso que estamos vendo não tem impacto sobre a urgência que colocamos em buscar a libertação de Evan e de Paul Whelan”. Paul Whelan, outro americano detido na Rússia, foi condenado por espionagem em 2020, também em um caso que ele, sua família e o governo dos EUA afirmam ser baseado em acusações falsas.
A detenção de Gershkovich ocorre em um momento de tensões elevadas entre Moscou e Washington, exacerbadas pela invasão russa da Ucrânia. O governo dos EUA classificou Gershkovich como “detido injustamente”, comprometendo-se a trabalhar por sua libertação. A Rússia sinalizou interesse em trocá-lo por prisioneiros russos detidos no Ocidente, com o Kremlin mencionando explicitamente a possibilidade de uma troca de prisioneiros.
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