Israel acusa papa Francisco de “dois pesos e duas medidas”
Pontífice intensificou críticas à ofensiva israelense e questionou se as ações em Gaza poderiam ser consideradas genocídio
O Ministério das Relações Exteriores de Israel acusou o papa Francisco (foto) de aplicar “dois pesos e duas medidas” após o pontífice condenar a “crueldade” de um ataque aéreo israelense em Gaza.
Em comunicado, o governo israelense declarou que as palavras de Francisco, feitas em audiência com autoridades do Vaticano, “estão desconectadas da realidade da luta de Israel contra o terrorismo jihadista”.
O papa lamentou um bombardeio, ocorrido na sexta-feira em Jabalia, afirmando que “isso não é guerra, é crueldade”. Francisco também criticou a recusa de Israel em permitir a entrada do Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, em Gaza.
Israel rebateu as críticas, afirmando que “crueldade é o terrorismo que usa crianças como escudos humanos” e que suas ações têm como alvo “terroristas que representam ameaças diretas”.
Papa intensifica críticas
O papa Francisco intensificou suas críticas à ofensiva israelense nas últimas semanas, chegando a questionar se as ações em Gaza poderiam ser consideradas genocídio.
Nos trechos do livro publicados pelo diário italiano La Stampa, o pontífice afirmou que alguns especialistas internacionais declararam que “o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio”.
“Devemos investigar cuidadosamente para avaliar se isso se encaixa na definição técnica formulada por juristas e organizações internacionais”, disse.
Reação de Israel
Na sexta-feira, 20, um ministro do governo israelense criticou o papa por sugerir que a comunidade internacional deveria estudar se a ofensiva militar em Gaza constitui um genocídio dos palestinos.
Em uma carta aberta publicada pelo jornal italiano Il Foglio, o ministro de Assuntos da Diáspora, Amichai Chikli, afirmou que as observações do papa equivalem a uma “banalização” do termo genocídio.
“Como um povo que perdeu seis milhões de seus filhos e filhas no Holocausto, somos particularmente sensíveis à banalização do termo ‘genocídio’ — uma banalização que chega perigosamente perto da negação do Holocausto”, escreveu Chikli.
Ao final da carta, o ministro israelense afirmou que o papa é “um querido amigo do povo judeu” e pediu ao pontífice “para esclarecer sua posição sobre a nova acusação de genocídio contra o estado judeu”.
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