Índia: protestos se intensificam após estupro e assassinato de médica
Milhares de mulheres tomam as ruas exigindo justiça e segurança após crime em hospital de Kolkata
O estupro e assassinato de uma médica residente de 31 anos no R.G. Kar Medical College and Hospital, em Kolkata, Índia, desencadeou uma onda de protestos em diversas cidades indianas.
Desde a descoberta do corpo da vítima, em 9 de agosto, a indignação tem crescido, levando multidões às ruas para exigir justiça e melhores condições de segurança nos hospitais públicos.
Nas primeiras horas de 15 de agosto, Dia da Independência da Índia, milhares de mulheres marcharam pelas ruas escuras de Bengala Ocidental, segurando tochas acesas e desafiando a chuva, em um dos maiores protestos que o estado já viu. A escolha da data foi simbólica, com as manifestantes questionando: “Quando as mulheres ganharão sua independência?”
A comoção em torno do caso levou à paralisação de médicos e paramédicos em hospitais públicos, que entraram em greve na segunda-feira, 12 de agosto, interrompendo severamente os serviços aos pacientes em toda a Índia. Eles exigem justiça para a vítima e melhorias na segurança dos hospitais, como controles mais rigorosos de entrada, mais câmeras e guardas adicionais.
Com faixas e cartazes, os manifestantes pedem uma resposta firme das autoridades. “Como mulher, isso me revolta. Os responsáveis devem ser punidos imediatamente”, afirmou Richa Garg, médica que participou dos protestos em Nova Délhi. Além da capital, grandes marchas também ocorreram em cidades como Mumbai e Hyderabad.
O crime, inicialmente mal investigado pelas autoridades locais, foi transferido para o Bureau Central de Investigação (CBI) após uma decisão judicial, em meio a acusações de encobrimento e destruição de provas.
O episódio lembra o infame caso de estupro coletivo de 2012 em Nova Délhi, que provocou uma reação popular intensa e levou a reformas nas leis de crimes sexuais na Índia. Com a crescente pressão pública, espera-se que este novo caso também resulte em mudanças significativas.
Contexto cultural: culpando a vítima
A sociedade indiana, profundamente enraizada em tradições e normas sociais rígidas, enfrenta desafios sérios no combate à violência contra as mulheres.
Essas normas muitas vezes limitam a autonomia feminina e contribuem para uma cultura que, em muitos casos, ainda culpa as vítimas de agressões sexuais. Apesar de algumas reformas legais, a aplicação dessas leis continua sendo uma luta da sociedade civil, e muitos crimes ainda permanecem impunes.
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