Ideia de nova eleição está “fora de lugar”, diz ex-prefeito de Caracas
"Seria privilegiar os caprichos de um ditador", disse Antonio Ledezma sobre a sugestão de Lula e Amorim
Antonio Ledezma (foto), ex-prefeito de Caracas perseguido pela ditadura de Nicolás Maduro, rejeitou a possibilidade, sugerida a Lula por Celso Amorim, de uma nova eleição na Venezuela, em uma “espécie de segundo turno” entre Maduro e o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.
Em entrevista ao Uol, o opositor exilado na Espanha afirmou que a ideia está “fora de lugar”.
“A ideia de uma nova eleição está fora de lugar”, disse Ledezma, que coordena o Conselho Político internacional da opositora Maria Corina Machado. “Não se justifica e nem se explica a ideia de falar de um segundo turno, em um país onde Edmundo Gonzalez venceu com mais de 30 pontos percentuais de vantagem”.
“Esses 30 pontos de vantagem não contabilizam o fato de que 4 milhões de venezuelanos não conseguiram votar. Caso eles tivessem ido às urnas, a diferença seria ainda maior”, acrescentou.
“Propor uma nova eleição é virar as costas ao princípio da soberania popular. Seria privilegiar os caprichos de um ditador”, completou.
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Lula e Amorim querem dar uma nova chance a Maduro
Em reunião ministerial em 8 de agosto, Lula propôs uma “espécie de segundo turno” na Venezuela.
Amorim confirmou a história para o Valor: “É como se fosse um segundo turno das eleições. Essa ideia não é nova, existe desde o início do problema”.
Em uma eventual outra eleição, Maduro teria a oportunidade de realizar uma fraude mais caprichada, de forma a não ser questionado depois.
É esse o objetivo de Lula e Amorim.
A eleição de 28 de julho provou-se um erro estratégico para Maduro.
Os eleitores votaram massivamente em urnas auditadas, que imprimiram atas com os resultados.
Essas atas, que hoje estão nas mãos de milhares de venezuelanos e em um site de internet, provam que o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não condiz com os números obtidos nas urnas.
Quem venceu foi o candidato opositor Edmundo González Urrutia.
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