Guindastes chineses nos EUA podem conter dispositivos de espionagem
Uma nova investigação do congresso aponta que alguns guindastes chineses utilizados em portos americanos contêm equipamentos de comunicação
Uma nova investigação do congresso aponta que alguns guindastes chineses utilizados em portos americanos contêm equipamentos de comunicação sem finalidade clara ou registro de instalação. A situação aumenta as preocupações norte-americanas com a possibilidade de espionagem ou sabotagem dessas máquinas.
A investigação, conduzida pelo Comitê de Segurança Interna da Câmara e pelo comitê selecionado para tratar das questões com a China, teve foco em mais de 200 guindastes chineses instalados em portos e instalações americanas. O estudo surge em um momento de alta tensão entre EUA e China, principalmente relacionada à segurança nacional.
Os parlamentares descobriram que o equipamento instalado nos guindastes, modems celulares que podem ser utilizados para comunicação remota, não foram documentados em nenhum contrato entre os portos americanos e o fabricante chinês ZPMC, de acordo com um auxiliar parlamentar familiarizado com a investigação. Quando o pessoal do porto americano foi à China inspecionar os guindastes, os modems já estavam instalados, disse o auxiliar.
Os modems foram encontrados “em mais de uma ocasião” nos guindastes da ZPMC, de acordo com a mesma fonte.
Críticas do congresso e reações chinesas
“A nossa investigação apontou vulnerabilidades em guindastes nos portos americanos que poderiam permitir ao Partido Comunista Chinês (PCC) ter uma vantagem competitiva e disruptar cadeias de suprimentos, afetando gravemente a economia nacional”, declarou o Deputado Republicano Mark Green, presidente do Comitê de Segurança Interna da Câmara, em declaração à CNN.
Em seu site, a ZPMC afirma que “sempre esteve empenhada em fornecer produtos e serviços de alta qualidade para clientes em todo o mundo. A ZPMC sempre cumpre rigorosamente as leis e regulamentos dos países aplicáveis”.
Por sua vez, Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada Chinesa em Washington, DC, disse à CNN que as alegações de que os guindastes chineses representam um risco à segurança são “completamente infundadas”. “Nós nos opomos firmemente ao abuso de poder da parte dos EUA para impedir a cooperação econômica e comercial normal entre a China e os EUA”, declarou Liu.
Os impactos de uma possível ação hacker nos guindastes
Operar guindastes remotamente pode permitir que um hacker, com acesso à rede dos guindastes, colete informações dos portos ou até cause interrupções nos sistemas da região.
Visando diminuir estes riscos a administração de Joe Biden anunciou um investimento de 20 bilhões de dólares em novas infraestruturas portuárias fabricadas nos EUA, incluindo guindastes produzidos localmente que, segundo as autoridades, apresentam um menor risco de segurança.
Porém, a presença de modems embutidos nos guindastes fisicamente ignora as tradicionais defesas de segurança de TI dos portos, segundo Marco Ayala, especialista em cibersegurança industrial com anos de experiência no setor marítimo. Ao mesmo tempo, Ayala pontua que o setor marítimo, tanto do lado governamental quanto privado, está buscando melhorar as avaliações de segurança nesta área.
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