Guinada para o centro de Sunak irrita a direita
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, provocou um tsunami na política britânica nesta segunda, 13, ao demitir a controversa ministra do interior Suella Braverman e trazer de volta ao centro do palco David Cameron, um “centrista” para a ala mais à direita do Partido Conservador...
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, provocou um tsunami na política britânica nesta segunda,13, ao demitir a controversa ministra do interior Suella Braverman e trazer de volta ao centro do palco David Cameron, um “centrista” para a ala mais à direita do Partido Conservador.
Sunak foi empossado há um ano num acordo com a ala mais ideológica do seu partido e a nomeação de Suella Braverman para o ministério fazia parte do acerto. Ela havia saído do mesmo cargo no governo Liz Truss quando enviou um documento oficial usando seu e-mail pessoal, o que não é permitido, perdendo o cargo agora pela segunda vez.
O atual primeiro-ministro também era um crítico contumaz do que chamava de status quo do partido, colocando-se como um refundador da agremiação e alguém que romperia com as velhas práticas e traria sangue novo e energia ao conservadorismo britânico. Ao capitular e dar um ministério tão estratégico para David Cameron, Sunak joga claramente a toalha em relação à velha guarda dos Tories.
A demissão de Braverman, que dominou o noticiário hoje, pode ser sua volta ao segundo escalão da política ou o nascimento de uma forte rival a Rishi Sunak, o tempo dirá. Sua queda foi selada quando acusou a polícia britânica de ser “leniente” com os violentos protestos em favor do Hamas, “marchas do ódio” segundo ela, o que foi visto como um desafio à autoridade de Sunak. Braverman já deu a entender que não ficou nada satisfeita com a saída e que falará nos próximos dias sobre o caso. Há uma forte expectativa de que ela caia atirando e use o episódio para colar no ex-chefe a imagem de alguém derrotado pelos “pragmáticos”, abrindo caminho para ocupar o vácuo de liderança deixada entre os mais radicais.
Para os centristas do partido, a mudança é vista com entusiasmo, já que a nova composição do governo traria mais profissionalismo e estabilidade ao governo de Rishi Sunak. A disputa entre “pragmáticos” como Cameron, que formam uma espécie de “centrão” britânico, e o ideológicos como Suella Braverman e Nigel Farage, promete voltar a pegar fogo nesta quarta, 15, quando a Suprema Corte decidirá sobre a legalidade do plano do governo de deportar imigrantes ilegais, que costumam chegar em pequenos barcos via Canal da Mancha, para Ruanda.
Caso a justiça declare o plano ilegal, a ala mais dura do partido deve iniciar uma campanha para que o Reino Unido deixe a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, uma disputa que vem desde o governo Boris Johnson, idealizador do plano de deportação dos imigrantes ilegais para o país africano.
Os desdobramentos da reforma ministerial e da demissão de Suella Braverman estão apenas no início, mas não há dúvida de que marcam o governo Rishi Sunak, que agora opta por menos marola e mais experiência em seu gabinete.
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