Ganhador do Nobel será premiê interino de Bangladesh
Economista Muhammad Yunus, que recebeu o Nobel da Paz em 2006, chefiará governo provisório após fuga da ex-premiê Sheikh Hasina
O economista Muhammad Yunus (foto), de 84 anos, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006, foi escolhido nesta terça-feira, 6 de agosto, pelo presidente de Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, para liderar um governo provisório no país do sul da Ásia.
O anúncio da escolha de Yunus ocorreu um dia depois de a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina renunciar ao cargo e fugir do país em meio a uma revolta popular. Apelidada de “dama de ferro” de Bangladesh, Hasina estava no poder havia mais de 15 anos.
A informação de que o ganhador do Nobel seria o premiê interino foi divulgada pelo líder estudantil Nahid Islam, de 26 anos, um dos coordenadores dos protestos contra o governo bengali. Islam participou, nesta terça, de uma reunião com o presidente e oficiais militares.
Repressão brutal a protestos
Hasina caiu após reprimir brutalmente protestos de estudantes contra um sistema de cotas preferenciais usado para empregos no setor público de Bangladesh, país que tem 170 milhões de habitantes em uma área de 148 mil km² —cerca de 1,75% do território brasileiro.
Estima-se que os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança bengalis tenham deixado mais de 100 mortos.
Como publicamos mais cedo, o poder de Hasina “dependia do apoio tácito do Exército e da crescente opressão”. Após a fuga da autocrata, coube ao general Waker-uz-Zaman, chefe do Exército, anunciar que um governo interino seria formado —o Parlamento de Bangladesh também foi dissolvido.
A missão de Yunus
Banqueiro e empreendedor, Yunus ganhou o Nobel da Paz em 2006 por seu pioneirismo nas áreas de microcrédito e microfinança, emprestando a pessoas muito pobres para ajudá-las a encontrar oportunidades econômicas. É uma figura amplamente admirada em Bangladesh, onde nasceu.
Segundo o New York Times, Yunus terá duas tarefas imediatas como premiê interino: restaurar a ordem após semanas de protestos violentos e definir como será seu mandato até que os bengalis façam eleições para escolher um novo primeiro-ministro.
Fahmida Khatun, chefe de pesquisa do Center for Policy Dialogue, disse ao jornal americano que restabelecer a paz e lidar com os incidentes de violência e vandalismo têm de ser as prioridades do governo interino: “Não há ordem nas ruas, há falta de confiança na polícia e houve danos materiais significativos”.
“É um momento oportuno para qualquer novo governo interino em Bangladesh mostrar solidariedade ao seu povo, proteger os mais vulneráveis e não repetir os erros do passado”, afirmou ao NYT Smriti Singh, diretora regional da Anistia Internacional para o Sul da Ásia.
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