Fundação acusa Boeing de ocultar problemas em aeronave
Organização revela problemas elétricos em Boeing 737 Max e acusa a empresa de ocultar informações sobre falhas na produção que podem colocar mais de 1.000 aviões em risco.
Uma organização de defesa dos direitos dos passageiros nos EUA, a Foundation for Aviation Safety, acusou a Boeing de esconder informações sobre problemas elétricos em uma aeronave que mais tarde caiu na Etiópia. O acidente ocorreu em março de 2019, envolvendo um modelo 737 Max recém-lançado. A fundação alega que mais de 1.000 aviões atualmente em operação poderiam estar em risco devido a falhas elétricas resultantes de problemas na produção.
De acordo com a fundação, a aeronave envolvida no acidente sofreu várias falhas, incluindo um “rolamento não comandado” a baixa altitude. Essas alegações se baseiam em documentos que eles dizem ter sido vazados por funcionários da Boeing, os quais relatam problemas enfrentados durante o processo de fabricação. Esses documentos altamente técnicos revelam uma produção confusa e caótica na fábrica do 737 em Renton, Washington.
Quais foram as falhas elétricas no Boeing 737 Max?
A fundação identificou vários problemas elétricos nos registros de construção da aeronave envolvida no acidente. Segundo eles, esses problemas incluíam a falta de peças elétricas, fiação ausente ou instalada incorretamente, e funcionários sob extrema pressão para retrabalhar peças defeituosas. Essas falhas foram atribuídas a questões sistêmicas de qualidade na produção da Boeing.
Entre os incidentes mencionados, destaca-se um episódio de “rolamento não comandado” três semanas após a entrega da aeronave à Ethiopian Airlines. A fundação alega que isso foi causado por uma falha intermitente na fiação, uma condição que poderia ter sido prevista dadas as falhas relatadas durante a produção.
Por que a Fundação acredita que a Boeing escondeu informações?
De acordo com a organização, os documentos que relatam essas falhas foram escondidos das autoridades governamentais, clientes das companhias aéreas, famílias das vítimas e do público. A fundação acredita que esses problemas de qualidade na produção foram permitidos a persistir, levando a incidentes adicionais, como um estouro de pneu que afetou um voo da Alaska Airlines este ano.
O que a Boeing diz sobre essas acusações?
A Boeing afirmou que cooperou plenamente com as investigações referentes ao acidente do voo 302 da Ethiopian Airlines em 2019 e forneceu todas as informações relevantes. A empresa argumenta que múltiplas investigações não validaram as alegações da fundação liderada por Ed Pierson, um ex-gerente da fábrica do 737. Pierson, contudo, tem sido uma figura de destaque argumentando que problemas sérios de produção desempenharam um papel crucial nos dois acidentes envolvendo o 737 Max.
As investigações oficiais conduzidas pelo Accident Investigation Bureau da Etiópia corroboraram essa visão, sugerindo que defeitos relacionados à produção foram responsáveis pela falha do sensor que levou ao acidente. No entanto, essa versão foi rejeitada pelo National Transportation Safety Board dos EUA, que atribuiu a falha do sensor a um impacto com um objeto estranho, provavelmente um pássaro.
O que está sendo feito para resolver esses problemas?
A Boeing, sob sua nova liderança com o CEO Kelly Ortberg, se comprometeu a focar na restauração da confiança na empresa. Ortberg planeja se instalar em Seattle, perto das fábricas, para supervisionar as operações de perto. A empresa foi obrigada pela Federal Aviation Administration (FAA) a implementar um plano de ação corretiva para melhorar a segurança e o controle de qualidade.
No entanto, há relatos de que os esforços para melhorar as condições na linha de produção têm sido “lamentavelmente inadequados.” Devido ao fato de que as inspeções da FAA são notificadas com antecedência, há uma suspeita de que a preparação prévia distorce a realidade das condições na fábrica.
À medida que a indústria global de aviação se recupera, a confiança na Boeing permanecerá sob escrutínio, especialmente enquanto histórias de falhas de produção e ocultação de informações continuarem a emergir.
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