Friend of my father’s friend no principal jornal da Irlanda
O Irish Times chama atenção para o cenário de excessos judiciais no Brasil que "provavelmente favorecerá" o ex-presidente Jair Bolsonaro
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou mais uma reportagem internacional sobre a impunidade da corrupção no Brasil.
Em 2024, ele havia sido tema de matérias publicadas pela The Economist e pelo Financial Times. Desta vez, o magistrado, citado na delação de Marcelo Odebrecht como o “amigo do amigo de meu pai”, foi destaque no Irish Times, o principal jornal da Irlanda.
Na reportagem “Brasil atolado na corrupção onde a jurisprudência dos tribunais cede lugar à conveniência da política” (em tradução livre), publicada em 30 de dezembro de 2024, mas que só repercutiu nesta segunda, 13, nos perfis brasileiros no X, o periódico chama atenção para o cenário de excessos judiciais no Brasil que “provavelmente favorecerá” o ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Personagem central
O jornal diz o seguinte sobre “the friend of my father’s friend”, que decidiu manter a investigação sobre a ONG Transparência Internacional, que determinou o compartilhamento em órgãos federais e com o Congresso de uma fake news criada contra a Transparência Internacional na Lava Jato.
“(…) Bruno Brandão, da Transparência Internacional – Brasil, vê uma explicação alternativa para o movimento da Suprema Corte contra a Lava Jato. ‘Na verdade, a operação só foi liquidada quando chegou ao Judiciário e ameaçou revelar a corrupção entre os juízes nos tribunais superiores. O Legislativo e o Executivo não foram capazes pará-la. Mas o Judiciário foi.’
O juiz da Suprema Corte Toffoli é central para essa interpretação da história. Ele tem sido o membro mais proeminente da Suprema Corte em derrubar condenações feitas por tribunais inferiores. Isso incluiu sua decisão unilateral de anular provas de irregularidades fornecidas por executivos da gigante da construção Odebrecht.
Entre as evidências lançadas, estava um e-mail no qual a testemunha mais notória da Lava Jato – o presidente da Odebrecht – perguntou a dois colegas se um acordo havia sido alcançado com ‘o amigo do amigo do meu pai’, que ele disse mais tarde aos promotores ter sido referência a Toffoli, então advogado-geral da União.
A mudança do destino da Lava Jato nas mãos de uma Suprema Corte que parece mais atenta à política do que à jurisprudência também destaca os riscos potenciais no futuro para outros casos relevantes, incluindo a investigação sobre o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro por supostamente planejar um golpe para anular sua derrota nas eleições presidenciais de 2022.”
A “confusão de papéis” de Moraes
O jornal chama atenção para a “confusão de papéis” de Alexandre de Moraes, colega de Toffoli na Suprema Corte brasileira.
“Isso ocorre porque o processo contra Bolsonaro e seu círculo de generais em serviço e aposentados está sendo conduzido pelo colega de Toffoli na Suprema Corte Alexandre de Moraes. Nesse papel, ele assumiu a tarefa de investigador principal, bem como de juiz, em um caso em que também se afigura como uma das potenciais vítimas dos conspiradores, supostamente alvo de um plano de assassinato.
Os críticos alertaram que essa confusão de papéis corre o risco de deixar o caso aberto a acusações semelhantes de excesso judicial que Moro enfrentou e poderia fornecer motivos para apelação e a eventual inversão de qualquer condenação futura.
Mas em um eco da euforia que tomou conta do país ao ver empresários e políticos poderosos presos por corrupção, Moraes se tornou uma espécie de herói nacional por enfrentar o golpe de Bolsonaro, mesmo entre aqueles da esquerda que o denunciaram como um ‘fascista’ quando ele foi nomeado pela primeira vez para o tribunal em 2017. Ele não mostrou nenhum sinal de se afastar do caso e, em vez disso, parece estar gostando do papel de protagonista que isso lhe trouxe. (…)”
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