Fortuna de Isaac Newton pode ter começado com o Brasil, entenda
Uma visão geral da conexão pouco conhecida entre a riqueza de Isaac Newton e o ouro brasileiro, e suas implicações na economia global, na escravidão e no colonialismo.
No final do século XVII e começo do século XVIII, Isaac Newton, conhecido por suas descobertas científicas, também desempenhou um papel financeiro significativo na Casa da Moeda de Londres. Nesse período, grande parte do ouro utilizado para cunhagem na Inglaterra vinha do Brasil, através de relações comerciais com Portugal. Esta associação entre Newton e o ouro brasileiro resulta de sua função como “master of the mint”, um cargo que oferecia tanto responsabilidades quanto oportunidades financeiras.
O livro “Ricardo’s Dream: How Economists Forgot the Real World and Led Us Astray”, de Nat Dyer, explora essa conexão. A obra examina como a economia, como uma ciência social, aplica modelos matemáticos para descrever interações humanas complexas. Ao analisar a Casa da Moeda, podemos perceber como as experiências financeiras de Newton interagiram com as dinâmicas econômicas mundiais daquela época, refletindo-se nas práticas coloniais de exploração.
Por que Newton Atuou na Casa da Moeda?
Além de suas célebres contribuições à matemática e à física, Newton se envolveu com questões monetárias ao deixar Cambridge para assumir o cargo na Casa da Moeda em 1696, posição que manteve até 1727. Como mestre da Casa da Moeda, ele recebia uma comissão baseada na cunhagem de moedas. O fluxo significativo de ouro do Brasil via Portugal teve grandes implicações econômicas para a Inglaterra e também para a própria fortuna de Newton.
A Origem do Ouro na Inglaterra
Registros históricos e documentos de Newton sugerem que grande parte do ouro utilizado na Casa da Moeda britânica tinha origem brasileira. Este ouro chegava principalmente por meio de Portugal, facilitado pelo Tratado de Methuen, que incentivava trocas comerciais entre as nações. Newton reconheceu essa procedência em seus escritos, mencionando recebimentos de ouro de Portugal e parcialmente da Jamaica.
Impactos Econômicos e Sociais
O ouro brasileiro que sustentava a economia britânica era fruto de um sistema colonial que dependia da escravidão. Dado o contexto histórico, é provável que Newton estivesse ciente das origens desse ouro. A sociedade inglesa na época era consciente das implicações morais do tráfico de escravos e do enriquecimento advindo dessa prática, tornando a prosperidade financeira de Newton inseparável dessa rede de exploração e desigualdade.
Reavaliação Histórica de Newton
Nos últimos anos, a vida de Newton tem sido revista sob novas abordagens que exploram aspectos menos conhecidos de sua trajetória. Além de suas conquistas científicas, seu trabalho na Casa da Moeda e investimentos em empresas como a South Sea Company, ligadas ao comércio de escravos, pintam um retrato mais complexo do cientista. Essa análise historiográfica oferece uma visão mais completa de Newton, não como um gênio isolado, mas como um participante ativo no seu contexto socioeconômico.
A junção entre ciência, economia e moralidade continua a ser um tema rico para estudo e reflexão. O legado de Newton, tanto como cientista quanto administrador, possibilita uma compreensão mais ampla de como avanços e inovações se entrelaçam com contextos históricos específicos e as realidades sociais de suas épocas.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)