O ex-presidente Barack Obama disse em entrevista à revista americana The Atlantic que o atual ambiente de informação, onde proliferam boatos e conspirações, é “a maior ameaça à nossa democracia”.

A afirmação foi publicada nesta segunda-feira (16) e é parte da longa sequência de entrevistas de Obama para promover seu novo livro, Uma Terra Prometida. É seu terceiro livro de memórias e o primeiro escrito depois da presidência.

Na entrevista, Obama se diz preocupado com o fato de que americanos não contam mais com “um patamar de fatos e uma história comum”.

“Não temos um Walter Cronkite [respeitado âncora da TV americana, morto em 2009] descrevendo a tragédia do assassinato de Kennedy mas também dizendo a ambos apoiadores e detratores da Guerra do Vietnã que ela não estava acontecendo do jeito que os generais e a Casa Branca estavam contando. Sem esta narrativa comum, a democracia fica muito difícil”.

O editor da revista, Jeffrey Goldberg, fez uma pergunta sobre a “nova arquitetura malévola de informação”, ao que Obama respondeu: “Acho que é a maior ameaça à nossa democracia. Acho que Donald Trump é criatura disso, mas não criador. Ele pode ser um acelerador, mas ela o precedeu e vai durar mais do que ele”.

Perguntado sobre as Big Techs, o ex-presidente respondeu: “Não acho que as empresas de tecnologia sejam responsáveis, porque isto vem de antes das mídias sociais. Já estava lá. Mas as mídias sociais deram um ‘turbo'”.

Sem citar pelo nome, Obama criticou a Seção 230, legislação americana que isenta as empresas de internet pela responsabilidade sobre o conteúdo produzido pelos usuários, e pede uma reforma.

É um dos raríssimos assuntos em que democratas e republicanos concordam.

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